“Estou bastante entusiasmado com o que está acontecendo na oncologia, mas não dá para ser uma Pollyana na vida e acreditar que tudo é cor de rosa. Na radioterapia, é claro o déficit atual”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), Eduardo Weltman (foto).
Em 2012, o Brasil tinha 520 mil novos casos de câncer e o cálculo da SBRT previa a necessidade de 422 máquinas, considerando que 60% dos pacientes de câncer vão precisar de radioterapia durante o percurso de tratamento.
| “A verdade é que não temos nem 200 máquinas de radioterapia no SUS” |
Outra conta para atestar o caótico panorama da radioterapia brasileira vem da própria OMS, que preconiza um aparelho para cada 600 mil habitantes. Fica fácil calcular que o Brasil precisaria de um número superior a 350 máquinas. “A verdade é que não temos nem 200 máquinas de radioterapia no SUS”, critica Weltman.
O Governo planeja aumentar o parque nacional e a cobertura, com o programa de 80 aparelhos de radioterapia, descrito como uma das mais audaciosas estratégias mundiais de saúde coletiva. “Claro que a compra e implantação de 80 máquinas é um projeto ambicioso, que nos orgulha, mas não se pode deixar de observar que o processo é extremamente lento. Só vamos ter quatro desses 80 aparelhos até o final do ano, em serviços que já estavam em operação. Não se fala em novos serviços públicos para a população que mais precisa e enquanto esse parque não se instala, por que não lançar mão de acordos com a rede privada?”, questiona o presidente da SBRT, que também vê falhas no atual modelo de remuneração.“Esse sistema de remuneração, a APAC, penaliza não só o paciente, como os prestadores de serviço e o próprio Ministério da Saúde. Os custos não consideram a atualização dentro de padrões realistas”, aponta.