Onconews - Entendendo a interação entre os "checkpoints" imunológicos e seus ligantes

Em mais um tópico da coluna ‘Drops de Genômica’, o oncologista Andre Murad (foto) aborda os pontos de controle imunológico (ou "checkpoints"), vias regulatórias que mantêm a homeostase imunológica e previnem a ativação imune excessiva, e seus ligantes, que suprimem as respostas imunes antitumorais. Confira!

Por André Marcio Murad*

No câncer, as células tumorais frequentemente exploram essas vias expressando ligantes de pontos de controle que suprimem as respostas imunes antitumorais. Abaixo, um resumo dos principais pontos de controle imunológico e seus ligantes.

PD-1 / PD-L1 e PD-L2

A proteína de morte celular programada 1 (PD-1), expressa em células T, células B e células NK ativadas, interage com seus ligantes PD-L1 e PD-L2. O PD-L1 é amplamente expresso em células tumorais e células apresentadoras de antígenos, enquanto o PD-L2 tem expressão mais restrita. Sua interação inibe a proliferação de células T, a produção de citocinas e a atividade citotóxica, permitindo a evasão imune 

CTLA-4/CD80 e CD86

O CTLA-4, expresso em células T ativadas e células T reguladoras, compete com o CD28 pela ligação ao CD80 e ao CD86 em células apresentadoras de antígenos. Quando ativado, o CTLA-4 inibe a ativação precoce das células T, reduz a produção de IL-2 e promove a tolerância imunológica, limitando as respostas antitumorais.

LAG-3/MHC Classe II

O gene 3 de ativação de linfócitos (LAG-3) liga-se a moléculas de MHC classe II com maior afinidade do que o CD4. Essa interação suprime a ativação das células T e contribui para a exaustão das células T na inflamação crônica e no câncer.

TIM-3 / Galectina-9 e CEACAM1 

O TIM-3 interage com diversos ligantes, incluindo a galectina-9 e o CEACAM1. Essas interações desencadeiam a inibição das células T, promovem a exaustão e prejudicam a imunidade antitumoral eficaz. TIM-3 é frequentemente superexpresso em populações de células T disfuncionais.

TIGIT/CD155 e CD112

TIGIT se liga a CD155 e CD112 em células tumorais e células apresentadoras de antígenos. Essa interação inibe a citotoxicidade das células NK e suprime a atividade das células T, moldando um microambiente altamente imunossupressor.

Juntas, essas interações de pontos de controle imunológico regulam o equilíbrio entre ativação e inibição imunológica. No câncer, os tumores exploram essas vias para suprimir a imunidade antitumoral eficaz, tornando o bloqueio de pontos de controle imunológico uma poderosa estratégia terapêutica.

drops checkpoint

*André Murad é diretor científico do Grupo Brasileiro de Oncologia de Precisão (GBOP), diretor clínico da Personal - Oncologia de Precisão e Personalizada, professor adjunto coordenador da Disciplina de Oncologia da Faculdade de Medicina da UFMG, e oncologista e oncogeneticista da Clínica OncoLavras