Onconews - DESTINY-Breast09: Qualidade de vida reforça T-DXd + pertuzumabe como nova opção de 1ª linha no câncer de mama avançado HER2+

Romualdo Barroso-Souza (foto), oncologista da Rede Américas, é coautor de análise do estudo DESTINY-Breast09 apresentada no SABCS 2025 com resultados relatados pelos pacientes (PROs) que apoiam trastuzumabe deruxtecana (T-DXd, ENHERTU®) + pertuzumabe como um novo tratamento de primeira linha para câncer de mama metastático/avançado HER2+. Os dados selecionados para o congresso de San Antonio, Texas, demonstram que a combinação de T-DXd + P proporciona controle duradouro da dor e manutenção da função física, com vantagens distintas na qualidade de vida em comparação com o regime padrão taxano + trastuzumabe + pertuzumabe (THP).

No estudo randomizado de fase 3 DESTINY-Breast09 (NCT04784715), T-DXd + P melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão (SLP) em comparação com o tratamento padrão com THP como terapia de primeira linha para pacientes com câncer de mama avançado/metastático HER2+, sem novos sinais de segurança. Agora, no SABCS 2025, foram apresentados os resultados relatados pelos pacientes (PROs) para os braços T-DXd + P e THP. O braço de monoterapia com T-DXd permanece cego até a análise final de sobrevida livre de progressão (SLP).

No estudo, pacientes elegíveis apresentavam câncer de mama avançado/metastático HER2+ e nenhum tratamento sistêmico prévio para a doença avançada (uma linha de terapia endócrina [TE] era permitida), assim como a terapia/quimioterapia (neo)adjuvante direcionada a HER2 com intervalo livre de doença > 6 meses. As pacientes foram randomizadas 1:1:1 para receber T-DXd 5,4 mg/kg a cada 3 semanas (= um ciclo), T-DXd + P ou THP.

Pacientes com doença receptor hormonal positivo poderia adicionar terapia endócrina após a descontinuação do taxano ou seis ciclos de T-DXd. Os desfechos secundários relatados pelos pacientes incluíram tempo até a deterioração (TTD) da dor por meio do questionário EORTC QLQ-C30; proporção de pacientes que apresentaram sintomas relacionados ao tratamento foi avaliada por meio de escalas/itens selecionados do QLQ-C30, EORTC QLQ-BR45 e versão de resultados relatados pelo pacientes dos Critérios Comuns de Terminologia para Eventos Adversos (PRO-CTCAE). A proporção de pacientes com função física "mantida ou melhorada" foi avaliada pelo QLQ-C30; e a carga de efeitos colaterais foi avaliada pela Impressão Global do Paciente sobre a Tolerabilidade do Tratamento (PGI-TT). Os PROs foram avaliados no Dia 1 de cada ciclo até o Ciclo 9, com o QLQ-C30/-BR45 sendo avaliado a cada dois ciclos subsequentes até a progressão da doença.

No total, 383 pacientes foram randomizados para T-DXd + P e 387 para THP. O tempo para deterioração (TTD) da dor — um desfecho prioritário para pacientes metastáticas — não foi alcançado em nenhum dos braços, indicando controle sustentado da dor em ambas as estratégias. O risco de piora da dor foi semelhante em ambos os grupos (razão de risco 0,95; IC 95% 0,74–1,21; maturidade 35%).

No questionário QLQ-C30/-BR45, mais pacientes no braço T-DXd + P relataram piora em náuseas/vômitos, constipação e perda de apetite, enquanto menos pacientes relataram piora nos sintomas cutâneos/mucosos em comparação com o THP (Tabela).

No questionário PRO-CTCAE, menos pacientes no braço T-DXd + P apresentaram sangramento nasal e edema de extremidades em comparação com o braço THP. Os resultados do PGI-TT foram comparáveis ​​entre os braços. A maioria dos pacientes apresentou função física "mantida ou melhorada": 82,9% com T-DXd + P vs. 82,4% com THP no Ciclo 2; e 75,4% vs. 77,7%, respectivamente, no Ciclo 27 (aproximadamente 18,7 meses, a mediana esperada de SLP no braço THP).

Em síntese, o regime T-DXd + P foi associado a mais sintomas gastrointestinais, mas menos sintomas cutâneos/mucosos, epistaxe e edema de extremidades em comparação com THP. Dor, fadiga, função física e o impacto geral do tratamento relatado pelos pacientes foram semelhantes entre os regimes. “Complementando os resultados de eficácia e segurança, os dados de resultados relatados pelos pacientes apoiam trastuzumabe deruxtecana + pertuzumabe como novo tratamento de primeira linha para câncer de mama metastático/avançado HER2+, proporcionando controle duradouro da dor e manutenção da função física, com vantagens distintas na qualidade de vida em comparação com o THP”, concluem os autores.

Table. Proportion of pts experiencing symptom deterioration

Symptom (%)

T-DXd + P

 

THP

 

EORTC QLQ-C30

Cycle 2 (n=328)

Cycle 27 (n=187)

Cycle 2 (n=341)

Cycle 27 (n=166)

Fatigue

41.2

38.0

41.9

35.5

Diarrhea

47.6

32.6

53.1

21.1

Nausea/vomiting

49.1

34.2

30.2

11.4

Constipation

24.1

23.0

15.5

8.4

Appetite loss

36.6

30.5

29.3

11.4

EORTC QLQ-BR45

Cycle 2 (n=328)

Cycle 27 (n=187)

Cycle 2 (n=337)

Cycle 27 (n=165)

‘Skin mucosis’ symptoms

22.9

37.4

33.5

41.8

 

Referência:

RF6-07 - Trastuzumab deruxtecan (T-DXd) + pertuzumab (P) vs taxane + trastuzumab + pertuzumab (THP) for first-line (1L) treatment of patients (pts) with HER2-positive (HER2+) advanced/metastatic breast cancer (a/mBC): patient-reported outcomes (PROs) from the DESTINY-Breast09 study - M. Rimawi, S. Loibl, Z. Jiang, R. Barroso-Sousa, Y. Park, C. Saura, A. Schneeweiss, M. Toi, Ç. Arslan, W. Chen, J. Sohn, W. Li, H.-C. Wang, M. Şendur, J. Asselah, A. Roborel de Climens, J. Liu, D. Huang, J. Shetty, S. Tolaney