Revisão sistemática publicada no Journal of Cancer Survivorship oferece um panorama atualizado das intervenções de atividade física em mulheres com câncer de mama metastático (CMM), consolidando evidências que reforçam o papel do exercício como parte do cuidado integrado nessa população. O trabalho examinou ensaios clínicos randomizados publicados e em andamento, buscando determinar a efetividade das intervenções, seus formatos, modos de entrega e fundamentos teóricos.
Em agosto de 2024, foram pesquisadas sete bases de dados e dois registros de ensaios clínicos randomizados, buscando estudos que testassem qualquer intervenção de atividade física em pessoas com câncer de mama metastático e relatassem um desfecho relacionado à atividade física.
Os pesquisadores analisaram 1.687 registros, dos quais 96 foram avaliados em detalhe e 28 incluídos na síntese final (13 relatórios completos, 4 protocolos e 11 registros de ensaios clínicos). O tamanho das amostras variou de 21 a 357 participantes, e 21 dos 28 estudos eram de fase II, piloto ou de viabilidade, refletindo um campo ainda em desenvolvimento, mas crescente.
A metodologia geral foi avaliada como moderada segundo a lista crítica do Joanna Briggs Institute (JBI). “Vale destacar que a maioria das intervenções não contemplava todos os componentes de atividade física recomendados, como aeróbico, força, flexibilidade e equilíbrio”, observam os autores.
A adesão às intervenções foi moderada a alta, com taxa igual ou superior a 50% em dez estudos. Em nove ensaios que relataram segurança, apenas um registrou eventos adversos graves relacionados à intervenção — dois episódios no total — o que reforça a boa tolerabilidade da atividade física em pacientes com doença metastática.
Quanto aos desfechos clínicos, a revisão encontrou evidências consistentes de melhora, especialmente no curto e médio prazos (até seis meses), em aspectos como fadiga, qualidade de vida relacionada à saúde, aptidão física e funcionamento físico.
Esses resultados se alinham ao crescente corpo de literatura que aponta o exercício como intervenção segura e potencialmente protetora, mesmo em estágios avançados da doença.
Embora os dados confirmem benefícios relevantes, os autores destacam a necessidade de ensaios mais robustos que esclareçam o tipo ideal de atividade física, a duração e intensidade mais adequadas, os formatos de entrega (presencial, remoto, híbrido), e a efetividade em longo prazo, ainda pouco estudada. A descrição das intervenções também variou amplamente, reforçando a importância de protocolos mais detalhados seguindo frameworks como o TIDieR, que padronizam informações essenciais para reprodutibilidade.
Em síntese, para mulheres com câncer de mama metastático, os resultados reforçam que a atividade física é segura, viável e traz benefícios mensuráveis. A revisão recomenda que profissionais de saúde incentivem e apoiem a prática de exercício, adaptando-a às necessidades e condições individuais de cada paciente. “Em um cenário em que o foco vai além do controle da doença e busca preservar autonomia, funcionalidade e bem-estar, as intervenções de atividade física emergem como um componente fundamental do cuidado oncológico”, concluem os pesquisadores.
Referência:
Hall, L.H., Green, S.M.C., Haider, Z. et al. Physical activity interventions for women with metastatic breast cancer: a systematic review of published and ongoing randomised controlled trials. J Cancer Surviv (2025). https://doi.org/10.1007/s11764-025-01917-y