O anti PD-1 cemiplimabe (Lybtayo®) demonstrou benefício significativo em pacientes com carcinoma espinocelular (CEC) cutâneo de alto risco após cirurgia, reduzindo em 68% o risco de recorrência da doença ou morte na comparação com placebo. Os resultados são do estudo randomizado de fase 3 C-POST apresentado no ASCO 2025. “Cemiplimabe é a primeira terapia sistêmica a demonstrar redução clínica e estatisticamente significativa na recorrência da doença como terapia adjuvante para CEC de alto risco”, disse Danny Rischin (foto), oncologista do Peter MacCallum Cancer Centre, em Melbourne, Austrália, pesquisador principal do estudo publicado simultaneamente na New England Journal of Medicine (NEJM).
Cemiplimabe é o tratamento padrão para pacientes com CEC avançado (metastático/irressecável) e não há tratamento sistêmico aprovado para pacientes com CEC com alto risco de recorrência após terapia local definitiva.
C-POST é um estudo duplo-cego, multicêntrico, de fase 3 (NCT03969004), que incluiu pacientes com CEC local e/ou regional, após cirurgia e radioterapia pós-operatória, considerados de alto risco de recorrência de acordo com critérios ganglionares (extensão extracapsular com o maior linfonodo ≥ 2 cm ou ≥ 3 linfonodos envolvidos) e/ou não ganglionares (metástases em trânsito, lesão T4, invasão perineural ou tumor localmente recorrente com ≥ 1 característica de risco adicional).
Os pacientes foram randomizados 1:1 para receber cemiplimabe (cemi) 350 mg ou placebo (pbo) a cada (Q) 3 semanas por 12 semanas, seguido de cemi 700 mg ou pbo a cada 6 semanas, até 36 semanas (até 48 semanas no total). O protocolo original previa cemi 350 mg ou pbo a cada 3 semanas, até 48 semanas. O cruzamento foi permitido após a recorrência da doença. O desfecho primário foi a sobrevida livre de doença (SLD). Os desfechos secundários incluíram ausência de recorrência locorregional (FFLRR, nas iniciais em inglês), ausência de recorrência à distância (FFDR), sobrevida global (SG) e segurança.
O ponto de corte dos dados para a análise interina pré-especificada 1 (IA1; ~50% dos eventos finais de SLD) foi 4 de outubro de 2024. De acordo com o Independent Data Monitoring Committee (IDMC), o limite pré-especificado para SLD foi cruzado em IA1.
De junho de 2019 a agosto de 2024, foram randomizados 415 pacientes para cemiplimabe (n=209) ou placebo (n=206), com idade mediana de 71 anos (variação de 33 a 95); predominantemente homens (84%). Dos participantes, 83% apresentavam CEC primário de cabeça e pescoço; 58%/42% de alto risco nas categorias linfonodal/não linfonodal.
Em um seguimento mediano de 24 meses (variação de 2 a 64), os resultados mostram que a sobrevida livre de doença foi superior com cemi versus pbo: razão de risco (HR) 0,32 (IC 95% 0,20 a 0,51); p < 0,0001 (veja tabela abaixo). A SLD estimada em 24 meses foi de 87% (IC 95% 80 a 92) para cemi e de 64% (56 a 71) para pbo.
O tratamento adjuvante com cemi reduziu o risco de recorrência locorregional (HR 0,20; IC 95% 0,09-0,40) e de recorrência distante (HR 0,35; 0,17-0,72) na comparação com placebo. No IA1, a razão de risco (HR) de sobrevida global para cemi em comparação ao placebo foi de 0,86 (IC 95% 0,39-1,90).
Em relação ao perfil de segurança e tolerabilidade, eventos adversos emergentes do tratamento (EAETs) de grau ≥ 3 ocorreram em 23,9% e 14,2%, e descontinuações devido a EAETs ocorreram em 9,8% e 1,5% dos pacientes que receberam cemi e placebo, respectivamente. Em análises exploratórias, os pesquisadores descrevem que os benefícios de SLD foram observados em pacientes com PD-L1 tumoral ≥1% (HR 0,28; IC 95% 0,15–0,52; n=309) e <1% (HR 0,32; 0,12–0,86; n=85).
Em conclusão, cemiplimabe é a primeira terapia sistêmica a demonstrar redução clínica e estatisticamente significativa na recorrência da doença como terapia adjuvante para CEC de alto risco, com perfil de segurança aceitável neste cenário.
“Embora a cirurgia seja curativa para a maioria das pessoas que vivem com carcinoma espinocelular cutâneo, muitas correm risco maior de recorrência, que pode levar à morte ou desfiguração”, disse Rischin, líder de Pesquisa em Câncer de Cabeça e Pescoço e CEC cutâneo do Peter MacCallum Cancer Centre. “Na primeira análise interina pré-especificada, cemiplimabe atingiu um nível notavelmente alto na melhoria da sobrevida livre de doença em pacientes com carcinoma espinocelular cutâneo de alto risco. Sem opções atualmente aprovadas no ambiente adjuvante, esses resultados demonstram que cemiplimabe pode representar grande avanço ao retardar a recorrência nesses pacientes vulneráveis”, destacou.
Phase 3 trial of adjuvant cemiplimab (cemi) versus placebo (pbo) for high-risk cutaneous squamous cell carcinoma (CSCC).
| Cemi | Pbo |
Pts with DFS event, n (%)a | 24 (12) | 65 (32) |
Disease recurrence | 18 (9) | 61 (30) |
Death | 6 (3) | 4 (2) |
DFS, mos, median (95% CI)b | NR (NE–NE) | 49.4 (48.5–NE) |
HR (95% CI)c | 0.32 (0.20–0.51) | - |
2-sided p-valued | < 0.0001 | - |
24-mo DFS, % (95% CI)b | 87.1 (80.3–91.6) | 64.1 (55.9–71.1) |
24-mo FFLRR, % (95% CI)b | 94.6 (89.1–97.3) | 76.7 (69.1–82.6) |
24-mo FFDR, % (95% CI)b | 94.3 (89.0–97.1) | 83.8 (76.3–89.0) |
NE, not estimable; NR, not reached.
aCensored pts: 185 cemi; 141 pbo.
bKaplan-Meier estimate.
cStratified Cox model.
dStratified log-rank test.
Referência:
Phase 3 trial of adjuvant cemiplimab (cemi) versus placebo (pbo) for high-risk cutaneous squamous cell carcinoma (CSCC).
First Author: Danny Rischin
Meeting: 2025 ASCO Annual Meeting
Session Type: Oral Abstract Session
Session Title: Head and Neck Cancer
Track: Head and Neck Cancer
Sub Track: Local-Regional Disease
Clinical Trial Registration Number: NCT03969004
DOI: 10.1200/JCO.2025.43.16_suppl.6001
Abstract #6001