Resultados relatados por pacientes (PROs) do estudo de Fase 3 DESTINY-Breast11 apresentados no San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS 2025) revelam que em pacientes com câncer de mama inicial HER2-positivo de alto risco, tanto trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) isolado quanto T-DXd seguidos de paclitaxel, trastuzumabe e pertuzumabe (THP) proporcionam melhor manutenção da funcionalidade física e menor incômodo global relacionado aos efeitos adversos quando comparados à quimioterapia padrão com doxorrubicina e ciclofosfamida em dose densa seguida de THP (ddAC-THP). O mastologista José Luiz Pedrini (foto), coordenador do Departamento de Mastologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, é coautor do trabalho.
No DESTINY-Breast11, o tratamento neoadjuvante com T-DXd-THP demonstrou melhora estatisticamente significativa e clinicamente relevante na taxa de resposta patológica completa e um perfil de segurança aprimorado em comparação com ddAC-THP em pacientes com câncer de mama inicial HER2+ de alto risco. No SABCS 2025, os pesquisadores relataram o funcionamento físico e a tolerabilidade relatada pelos pacientes durante o tratamento neoadjuvante.
No estudo, pacientes com câncer de mama inicial HER2+ de alto risco (≥T3, linfonodos positivos [N1-3] ou inflamatório) foram randomizadas para receber tratamento neoadjuvante com T-DXd (8 ciclos), T-DXd-THP (4+4 ciclos) ou ddAC-THP (4+4 ciclos). A funcionalidade física foi mensurada pelo questionário EORTC QLQ-C30, e 20 sintomas foram avaliados usando itens do PRO-CTCAE e da biblioteca do EORTC. O impacto global dos efeitos adversos foi capturado pela Patient Global Impression of Treatment Tolerability. As análises descritivas de resultados relatados pelas pacientes incluíram todas as pacientes que receberam ≥1 dose da intervenção do estudo. Participaram da análise 283 pacientes no braço T-DXd, 320 no braço T-DXd-THP e 312 no braço ddAC-THP.
Os resultados revelam que mais pacientes mantiveram ou melhoraram a função física durante a terapia neoadjuvante com T-DXd e T-DXd-THP em comparação com ddAC-THP (variação ao longo das semanas, respectivamente: 42,7-75,5%, 43,7-75,7% e 24,0-62,4%; Tabela).
O incômodo global com os efeitos colaterais durante a terapia neoadjuvante foi geralmente menor com T-DXd e T-DXd-THP do que com ddAC-THP, com uma proporção numericamente menor de paciente-semana com alto incômodo com efeitos colaterais (T-DXd 45,8%; T-DXd-THP 43,0%; ddAC-THP 49,5%). Dos 20 eventos adversos (EAs) sintomáticos avaliados, 14 e 13 EAs, respectivamente, apresentaram melhora geral com T-DXd e T-DXd-THP em comparação com ddAC-THP (ambos: diarreia, perda de apetite, alterações no paladar, feridas na boca/garganta, dormência/formigamento, dor muscular, dor nas articulações, dor no peito, tosse, dispneia, rash cutâneo, ondas de calor, insônia; T-DXd: sangramento nasal).
Embora presentes em todos os grupos, cinco eventos adversos apresentaram piora geral com T-DXd e/ou T-DXd-THP em comparação com ddAC-THP (ambos: queda de cabelo, cefaleia, náusea, vômito; T-DXd: constipação; T-DXd-THP: sangramento nasal). Para os eventos adversos sintomáticos cujo impacto nas atividades diárias foi avaliado (cefaleia, insônia, dor nas articulações, feridas na boca/garganta, dor muscular, dormência/formigamento), observou-se interferência limitada nas atividades diárias em todos os grupos.
Em síntese, os resultados relatados pelos pacientes do estudo DESTINY-Breast11 convergem com a eficácia e a segurança previamente demonstradas. T-DXd e T-DXd-THP não apenas melhoram desfechos clínicos, mas também oferecem uma experiência de tratamento mais tolerável, com melhor preservação da funcionalidade física e menor incômodo global do que o regime padrão ddAC-THP.
“Essas evidências fortalecem o posicionamento de T-DXd-THP como uma alternativa neoadjuvante eficaz e mais tolerável para pacientes com câncer de mama inicial HER2+ de alto risco, alinhando benefício oncológico a uma melhor experiência terapêutica”, concluem os autores.
Table. Patient-reportedPF by EORTC-QLQ-C30 PF subscale | |||||||
Patients with maintained or improved PF,* % at each visit | T-DXd (N=283) | T-DXd-THP (N=320) | ddAC-THP (N=312) | ||||
Day 8 | 43.7 | 48.6 | 49.0 | ||||
Day 15 | 72.2 | 73.8 | 62.4 | ||||
Day 22 | 75.5 | 75.7 | 44.2 | ||||
Day 29 | 50.6 | 44.2 | 57.4 | ||||
Day 36 | 61.0 | 60.7 | 37.4 | ||||
Day 43 | 68.4 | 68.9 | 42.4 | ||||
Day 50 | 51.9 | 52.0 | 33.1 | ||||
Day 57 | 58.2 | 57.4 | 44.2 | ||||
Day 64 | 67.1 | 68.0 | 40.1 | ||||
Day 71 | 42.7 | 45.2 | 37.6 | ||||
Day 78 | 49.3 | 53.4 | 43.0 | ||||
Day 85 | 61.9 | 61.7 | 44.5 | ||||
Day 92 | 45.6 | 58.7 | 43.0 | ||||
Day 99 | 53.2 | 55.7 | 43.8 | ||||
Day 106 | 61.1 | 52.7 | 39.4 | ||||
Day 113 | 43.9 | 50.2 | 38.7 | ||||
Day 120 | 57.0 | 49.7 | 34.6 | ||||
Day 127 | 67.9 | 50.0 | 38.4 | ||||
Day 134 | 45.5 | 46.8 | 34.0 | ||||
Day 141 | 55.4 | 47.9 | 31.8 | ||||
Day 148 | 64.2 | 44.1 | 33.3 | ||||
Day 155 | 50.0 | 44.0 | 24.0 | ||||
Day 162 | 48.1 | 43.7 | 27.3 | ||||
End of treatment | 55.4 | 45.9 | 38.7 | ||||
*Change from baseline score <10 or increase ≥10
Referência:
RF6-06 - Patient-reported outcomes (PROs) in DESTINY-Breast11: neoadjuvant treatment (NAT) with trastuzumab deruxtecan (T-DXd) alone or followed by paclitaxel + trastuzumab + pertuzumab (THP) vs dose-dense doxorubicin + cyclophosphamide followed by THP (ddAC-THP) in high-risk, HER2+ early-stage breast cancer (eBC) - S. Modi, J. Boileau, J. Wu, L. Pusztai, S. Ohno, G. Curigliano, C. Kelly, J. Asselah, S. Im, L. Coltelli, M. Chaudhari, S. Blau, A. Martínez Bueno, B. Czartoryska-Arlukowicz, J. Pedrini, C. Zhang, S. Safdar, S. Mannix, N. Harbeck
Day 2: December 10, 2025 1:00 PM–2:15 PM CST