Onconews - Congressos - Page #4

Coberturas Especiais

A maioria dos estudos sobre mutações da linha germinativa e risco de câncer ao longo da vida foram conduzidos em países desenvolvidos. No SABCS 2024, Danielle Maia (foto) e colegas apresentaram resultados de estudo que buscou descrever o espectro de mutações da linha germinativa no estado do Ceará. A análise indicou a presença de variantes patogênicas associadas à síndrome de mama e ovário familiar em 8,7% das amostras avaliadas e enfatizou o papel da regionalidade na distribuição e prevalência de variantes específicas.

O conjugado trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) mostrou benefício clínico e estatisticamente significativo de sobrevida livre de progressão (SLP) em pacientes com  câncer de mama metastático receptor hormonal positivo (RH+) e HER 2 low ou ultralow que progrediram da doença após terapia endócrina, diminuindo o risco de progressão da doença ou morte principalmente no subgrupo com rápida progressão (mediana, 14,0 vs 6,5 meses; HR 0,38). É o que demonstra nova análise do estudo de Fase 3 DESTINY-Breast06 apresentado por Aditya Bardia (foto) no SABCS 2024, com resultados que destacam o potencial de T-DXd como tratamento inicial após 1 linha de terapia endócrina para pacientes com câncer de mama metastático receptor hormonal positivo, com HER2-low/ultralow.

Embora vários fatores contribuam para o desenvolvimento da obesidade, pesquisas indicam que a perda de hormônios ovarianos aumenta a probabilidade de ganho de peso em mulheres. Estudo de pesquisadores do AC Camargo Cancer Center apresentado no SABCS 2024 descreveu as modificações do peso corporal durante supressão ovariana adjuvante em mulheres na pré-menopausa com câncer de mama luminal. O trabalho tem como primeira autora a oncologista Izabela Porto Ferreira (foto) e ressalta a necessidade de gerenciamento para mitigar o risco de ganho de peso e suas implicações nos resultados das pacientes.

Letícia Kimie Murazawa (foto) é primeira autora de estudo selecionado em poster no SABCS 2024, com resultados de uma coorte brasileira de pacientes com câncer de mama triplo negativo com doença inicial. A análise considerou desfechos clínicos de acordo com a raça/etnia em pacientes tratadas com quimioterapia neoadjuvante e mostra que mulheres negras tiveram melhor sobrevida global e sobrevida livre de eventos do que mulheres brancas na coorte avaliada. O trabalho tem como pesquisadora sênior a oncologista Renata Colombo Bonadio (na foto, à direita).

Caso cumpra os principais desfechos, o estudo internacional de Fase II TUXEDO-4 pode introduzir trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) como um tratamento promissor para pacientes com câncer de mama HER2-low com metástase cerebral recém-diagnosticada ou em progressão, com ou sem doença leptomeníngea tipo II (DLM). O desenho do estudo e seus objetivos foram apresentados no San Antonio Breast Cancer Symposium.

A ASCO desenvolveu medidas de qualidade sobre a administração de terapia endócrina adjuvante, radioterapia e quimioterapia para melhorar a qualidade e acessibilidade do tratamento do câncer. A oncologista Anne Dominique Nascimento Lima (foto) e colegas aplicaram essas medidas para descrever a qualidade do atendimento oferecido a mulheres com câncer de mama em uma das unidades do Instituto Nacional do Câncer (HC III/INCA). O trabalho foi apresentado no SABCS 2024 e mostra que idade acima de 60 anos, estadiamento avançado e radioterapia adjuvante foram preditores de não concordância com as medidas de qualidade da ASCO na coorte avaliada.

Análise provisória do estudo randomizado de Fase 3 ECOG-ACRIN EA4151 (LBA 6) mostrou que em uma era de regimes de indução e manutenção altamente eficazes, pacientes com linfoma de células do manto na primeira remissão completa e doença residual mínima indetectável não se beneficiaram do transplante autólogo de células hematopoiéticas de consolidação. EA4151 é um ensaio de quatro braços conduzido pela U.S. National Clinical Trials Network (NCTN) e Blood and Marrow Transplant Clinical Trials Network (BMT-CTN). O hematologista Timothy S. Fenske (foto) apresenta os resultados na Sessão de Late Breaking Abstract do ASH 2024.

A adição de tafasitamab à lenalidomida + rituximabe resultou em melhora clinicamente significativa na sobrevida livre de progressão em pacientes com linfoma folicular recidivante/refratário, representando uma redução de 57% no risco de progressão, recidiva ou morte. “Este estudo é o primeiro a validar a combinação de dois anticorpos monoclonais (anti-CD19 com anti-CD20) no tratamento do linfoma”, destacaram os autores do estudo de fase inMIND, selecionado como Late Breaking Abstract 1 (LBA1) no ASH 2024. Os resultados serão apresentados por Laurie Sehn (foto), professora na Universidade de British Columbia, em Vancouver, Canadá.

Jessé Lopes da Silva (foto), pesquisador do INCA, é primeiro autor de estudo selecionado em poster no SABCS 2024, com achados que mostram correlação inversa entre a proporção de óbitos domiciliares por câncer de mama (CM) no Brasil e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) regional, revelando que pacientes das regiões de menor IDH do Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentaram maiores taxas de óbitos domiciliares na comparação com as regiões Sudeste e Sul, de maior IDH. “Esses achados ressaltam a necessidade de políticas que abordem o impacto de fatores sociais como raça, educação e IDH na localização dos cuidados de fim de vida para pacientes com CM no Brasil”, analisam os autores.

A oncologista Natália Nunes (foto) é primeira autora de estudo multicêntrico selecionado no programa do SABCS 2024, que avaliou os resultados relatados pelas pacientes (PRO), considerando mulheres com câncer de mama na pré-menopausa que receberam ou não supressão da função ovariana. “Nosso estudo enfatiza a necessidade de uma abordagem personalizada e empática no atendimento a essas pacientes, assim como destaca a necessidade de avaliações regulares de saúde sexual por profissionais de saúde oncológicos”, analisam os autores.

A disparidade racial pode ser um fator crítico que influencia o acesso e a qualidade dos serviços de saúde, incluindo o rastreamento e o diagnóstico do câncer de mama (CM). A mastologista Juliana Francisco (foto) apresentou no SABCS 2024 estudo que mostra profundas disparidades no rastreamento, diagnóstico e tratamento do CM no Brasil, indicando que 46,5% das mulheres pretas receberam diagnóstico de CM em estágio 3 ou 4 no período avaliado, comparado a 35,5% em mulheres brancas, e 65,5% das mulheres pretas iniciaram o tratamento após 60 dias. “Somente através de abordagens integradas e inclusivas será possível garantir que todas as mulheres, independentemente de sua raça ou etnia, tenham acesso igualitário a cuidados de saúde de qualidade e, assim, melhorar o impacto nas taxas de sobrevida ao câncer de mama e na qualidade de vida”, destacam os autores.