Cirurgia com paciente acordado no glioblastoma multiforme em áreas eloquentes
Estudo publicado no Lancet Oncology (2022) avaliou o benefício do mapeamento cerebral com paciente acordado na abordagem de glioblastomas, com base na idade do paciente, morbidade neurológica pré-operatória e status de desempenho Karnofsky (KPS). “Os autores demostram que esta técnica pode ser usada por neurocirurgiões durante ressecções de glioblastomas em áreas eloquentes para aumentar a extensão da ressecção e diminuir possíveis déficits neurológicos”, diz Marcos Antonio Dellaretti Filho (foto), médico do Departamento de Neurocirurgia da Santa Casa de Belo Horizonte e do Hospital Mater Dei, que comenta os principais resultados.
O estudo de fase III ACHIEVE realizado no Japão foi um dos seis estudos prospectivos que exploraram se 3 meses de terapia adjuvante com fluorouracil, leucovorina e oxaliplatina (FOLFOX) ou capecitabina e oxaliplatina (CAPOX) é não inferior a 6 meses de tratamento em pacientes com câncer de cólon em estágio III curativamente ressecado. Agora, Yoshino et al. reportam análises finais de sobrevida e segurança, em artigo publicado online 5 de maio no Journal of Clinical Oncology (JCO). Os resultados de longo prazo mostram que, em pacientes asiáticos, encurtar a duração da terapia adjuvante de 6 para 3 meses não comprometeu a eficácia e reduziu a taxa de neuropatia periférica, demonstrando que CAPOX trimestral foi uma opção adequada. “O estudo reforça que 3 meses é seguro e menos tóxico para a maioria dos pacientes”, destaca Rachel Riechelmann (foto), diretora do Departamento de Oncologia do A.C. Camargo Cancer Center e presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG).
Estudo randomizado de Fase 3 realizado em 70 instituições no Japão mostrou que a segmentectomia prolongou a sobrevida global em 5 anos comparada à lobectomia em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) estágio IA, sugerindo que a segmentectomia deve ser o procedimento cirúrgico padrão para essa população de pacientes. Os resultados foram publicados no Lancet por Saji H et al. e são tema de revisão de Jyoti D. Patel na New England Journal Watch.
Os últimos resultados do ensaio clínico de Fase 3 IKEMA demonstraram uma sobrevida livre de progressão mediana (mPFS) de 35,7 meses para o anticorpo monoclonal anti-CD38 isatuximabe (Sarclisa®, Sanofi) em combinação com carfilzomibe e dexametasona (Kd) em comparação com 19,2 meses de mPFS em pacientes tratados com Kd isoladamente. Apresentados no Controversies in Multiple Myeloma World Congress, esses resultados representam a mPFS mais longa entre os estudos que investigam um inibidor de proteassoma no cenário de segunda linha para o tratamento de mieloma múltiplo recidivado. Os dados também serão apresentados na Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) no dia 19 de maio.
A American Society for Radiation Oncology (ASTRO) elaborou uma nova diretriz clínica com orientações sobre o uso de radioterapia para o tratamento de pacientes com metástases cerebrais. A diretriz atualiza as recomendações anteriores da ASTRO, publicadas em 2012, considerando os recentes avanços no manejo de pacientes com metástases cerebrais, incluindo técnicas avançadas de radioterapia como radiocirurgia estereotáxica e radioterapia de todo o cérebro com proteção do hipocampo, bem como o surgimento de terapias sistêmicas com atividade no sistema nervoso central. O trabalho foi publicado no periódico Practical Radiation Oncology. Bernardo Salvajoli (foto), médico especialista em radioterapia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e do Hospital do Coração (HCorOnco), comenta o guideline.
A Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) desenvolveu uma nova classificação baseada em evidências para orientar a pesquisa e a interpretação de dados de estudos sobre estratégias de de-escalonamento/desintensificação do tratamento sistêmico em oncologia. Publicado no Annals of Oncology, a ESMO framework for the risk-adapted modulation through de-intensification of cancer treatments oferece aos oncologistas, pesquisadores e tomadores de decisões regulatórias um conjunto de definições e critérios comuns para impulsionar o progresso neste campo da personalização do tratamento. A oncologista brasileira Maria Alice Franzoi (foto), médica do Gustave Roussy Cancer Campus, é coprimeira autora do trabalho.
A agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) aprovou a indicação de Trastuzumabe deruxtecana (ENHERTU®, Daiichi Sankyo, AstraZeneca) para pacientes com câncer de mama metastático HER2 positivo previamente tratados com um agente anti-HER2. A aprovação foi anunciada 4 de maio e é baseada nos resultados do ensaio DESTINY-Breast03, mostrando que trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) reduziu o risco de progressão da doença ou morte em 72% versus trastuzumab emtansine (T-DM1).
Estudos de perfis genômicos de gliomas difusos levaram a novos esquemas de classificação que predizem melhor os resultados dos pacientes em comparação com a histomorfologia convencional. Agora, Zhang et al. mostram em artigo na Neuro-Oncology como o perfil genômico tem impacto clínico em pacientes com glioma astrocítico difuso do tipo IDH selvagem sem características histológicas de alto grau. A oncologista Camilla Yamada (foto), da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta os resultados.
O oncologista Juliano Coelho (foto) é primeiro autor de estudo de coorte retrospectivo multi-institucional (GBOT-LACOG 0417) que buscou descrever uma coorte de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas com metástases cerebrais tratados em centros de câncer públicos e privados no Brasil, as diferenças entre a apresentação dos pacientes, tratamento e resultados. O trabalho foi publicado no JCO Global Oncology.
O patologista brasileiro Jorge Reis-Filho (foto), médico do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, é coautor de artigo publicado na Nature Medicine que discute os principais desafios para a implementação da oncologia de precisão, elencando etapas críticas para resolver os entraves e ampliar o acesso.
A epidemiologista brasileira Elisabete Weiderpass (foto), diretora da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (