Câncer de mama na gravidez, desafios e evidências
Mulheres diagnosticadas com câncer de mama durante a gravidez ou no primeiro ano após o parto têm pior prognóstico do que aquelas diagnosticadas antes da gravidez, refletindo a biologia tumoral adversa e o estágio avançado no momento do diagnóstico. É o que revelam dados de grande estudo de base populacional, indicando, ainda, pior prognóstico para as mulheres diagnosticadas durante o segundo e terceiro trimestres do período gestacional. A oncologista Maria Del Pilar Estevez Diz (foto) comenta os resultados.
O estudo de fase III SWOG S1216 mostrou que biomarcadores ósseos elevados estão associados a um risco aumentado de morte no câncer de próstata sensível a hormônios (CPSH), independentemente do status de metástases ósseas, identificando três grupos de risco com diferentes resultados de sobrevida global (SG). Agora, análise de subgrupo do S1216 relata a associação de biomarcadores ósseos com SG em homens com CPSH e metástases ósseas, descrevendo quatro grupos de pacientes com desfechos diferenciais de SG com base em biomarcadores ósseos.
Resultados de estudo de coorte publicado no JAMA Oncology sugerem que entre as mulheres com uma variação na sequência BRCA1, a vigilância por ressonância magnética (RM) foi associada a uma redução significativa na mortalidade por câncer de mama em comparação com mulheres que não foram submetidas à vigilância por RM.
O oncologista brasileiro Gabriel Aleixo (foto), médico na Universidade da Pensilvânia, é primeiro autor de estudo publicado no Journal of Geriatric Oncology que avaliou as diferenças raciais na composição corporal e na sobrevida em pacientes com tumores gastrointestinais. “A maioria dos estudos até o momento avaliou pacientes predominantemente brancos, e o papel da composição corporal entre minorias raciais é desconhecido”, observam os autores.
Estudo de Antonarakis e colegas publicado na Prostate and Prostatic Disease mostra que a maior infiltração tumoral de células natural killer (NK) foi associada a melhor sobrevida global em 28 dos 45 tipos de câncer analisados, incluindo câncer de próstata (CaP). “Utilizando o maior conjunto de dados disponível até o momento, demonstramos que as células NK infiltram ampla gama de tumores, incluindo o CaP primário e metastático”, destacam os autores, indicando que são uma opção viável para futuras abordagens de imunoterapia.
Ensaio histórico publicado no Lancet Regional Health Americas investiga as profundas mudanças provocadas pelo comércio transatlântico de escravos da África para as Américas, explorando as conexões entre a dinâmica do período colonial no Brasil e o atual panorama epidemiológico do câncer de cabeça e pescoço (CCP). O trabalho tem como primeira autora a pesquisadora Beatriz Figueiredo Lebre Martins (foto), da Unicamp, com participação do LACOG e do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço.
Conflitos de interesse resultantes dos pagamentos da indústria farmacêutica a oncologistas são reconhecidos como um fator preditivo para a aprovação regulatória e a incorporação de diretrizes terapêuticas de baixo valor, enquanto as despesas com tratamentos oncológicos disparam, muitos com benefícios clínicos marginais, ou mesmo nenhum. A crítica está no JCO Oncology Practice, em estudo que revela a extensão do problema na Holanda, com quase 1 milhão de euros pagos entre 2019 e 2021, alcançando 48,8% dos oncologistas.
No estudo CALGB/SWOG 80405 a expressão de HER2 foi prognóstica e preditiva em pacientes com câncer colorretal metastático (mCRC) recebendo terapia de primeira linha e informam oportunidades de tratamento personalizado, como relatam Battaglin et al. em artigo no Journal of Clinical Oncology. Alexandre Palladino, chefe da oncologia clínica do Hospital do Câncer I (INCA), comenta os resultados.
Estudo internacional analisou o uso da radioterapia (RT) em oito tipos de câncer (esôfago, estômago, fígado, cólon, reto, pâncreas, pulmão e ovário), em pacientes diagnosticados na última década, a partir de 16 jurisdições internacionais com sistemas de saúde semelhantes, em três continentes. Os resultados mostram grandes variações, tanto na frequência da utilização de RT pós-diagnóstico, quanto no tempo até o primeiro tratamento, e destacam a necessidade de examinar o uso da radioterapia como uma questão global no controle do câncer. O radio-oncologista Robson Ferrigno (foto) analisa os principais achados.
A associação de ribociclibe e terapia endócrina melhorou significativamente a sobrevida livre de doença invasiva em pacientes com câncer de mama HR+/HER2− com doença inicial estágio II e III. Os resultados são do estudo randomizado de Fase 3 NATALEE e foram publicados na New England Journal of Medicine (NEJM), em artigo com participação do oncologista Carlos Barrios (foto).
Diretriz elaborada pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) fornece estratégias para uma comunicação aberta e sem julgamento entre médicos e pacientes adultos com câncer sobre o uso de cannabis e/ou canabinoides. “Muitos oncologistas discutem cannabis medicinal e/ou canabinoides com os pacientes, mas poucos se sentem confortáveis para fazer recomendações clínicas”, observam os autores do guideline. O trabalho foi publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO).
A Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) elaborou um guideline com orientações sobre vacinação de adultos com tumores sólidos ou malignidades hematológicas. “A otimização do status vacinal deve ser considerada um elemento-chave no cuidado de pacientes com câncer”, destacam os autores. A diretriz foi publicada no Journal of Clinical Oncology (JCO).
A probabilidade de receber tratamento antineoplásico no fim de vida aumentou ao longo do tempo, incluindo o uso de terapias sistêmicas novas e muito caras nas últimas 2 semanas de vida. “Os pacientes mais jovens e aqueles que não estão inscritos em programas especializados em cuidados paliativos correm maior risco de receber tratamento intensivo no fim de vida”, destacaram os autores do estudo publicado no ESMO Open.
Durvalumabe e olaparibe demonstraram importante benefício clínico e mais que dobraram a duração mediana da resposta versus quimioterapia (18,7 versus 7,6 meses) em pacientes com câncer endometrial avançado ou recorrente com proficiência no reparo de DNA (pMMR). Os resultados são do estudo de fase 3 DUO-E apresentado no SGO 2024, em análise de subgrupo que também demonstrou redução de 32% no risco de segunda progressão ou morte no braço da combinação versus o braço controle (mediana não alcançada vs 19,5 meses) e prolongou o tempo até o primeiro e segundo tratamentos subsequentes. A oncologista Alexssandra Lima Siqueira dos Santos (foto), do INCA, comenta o estudo.
Estudo liderado por pesquisadores do USC Norris Comprehensive Cancer Center utilizou um novo método estatístico para identificar as bases genéticas da associação entre a ingestão de carne vermelha e processada e o risco de câncer colorretal em quase 70 mil pessoas. “Identificamos dois genes, HAS2 e SMAD7, que alteram o risco de câncer com base nos níveis de consumo de carne vermelha ou processada”, afirmaram os autores em artigo publicado na Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention.
Análise agrupada que envolveu mais de 900 pacientes com câncer de pâncreas avançado ao longo de duas décadas de pesquisa clínica do grupo multicêntrico AIO mostrou aumento estatisticamente significativo na sobrevida durante os últimos 20 anos, em contraste com a análise de base populacional usando dados SEER de Golan et al. Esses resultados foram apresentados no ESMO 2023 e publicados agora no ESMO Open.
A expressão do supressor de imunoglobulina do domínio V da ativação de células T (VISTA) difere entre os tipos de câncer, com diversos padrões de expressão. Estudo que analisou a expressão transcriptômica de VISTA e seus correlatos clínicos em 514 tecidos de câncer avançado/metastático mostrou que o alto transcrito de VISTA se correlacionou com alta expressão BTLA, TIM-3 e TNFRSF14 e com menor sobrevida pós-imunoterapia no câncer de pâncreas.