Onconews - UCP2 e STAT1 podem ser marcadores prognósticos para o desenvolvimento do câncer cervical

Oncoproteínas do HPV influenciam a expressão dos genes STAT1 (Transdutor de Sinal e Ativador de Transcrição 1) e UCP2 (Proteína Desacopladora 2), proteínas que podem servir como marcadores prognósticos para mulheres com lesões precursoras do câncer cervical. É o que apontam resultados de Ana Paula Lepique (foto) e colegas, em artigo na Frontiers in Oncology.

O câncer cervical, quase sempre causado por infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV) de alto risco, continua sendo importante problema de saúde pública em países em desenvolvimento.

Nesta análise, Lepique e colegas compararam a expressão gênica entre lesões intraepiteliais cervicais de baixo e alto grau, com foco em genes relacionados à inflamação e ao estresse oxidativo. Entre os genes com expressão diferencial, STAT1 e UCP2 foram escolhidos para validação por seus papéis conhecidos em outros tipos de câncer.

O estudo considerou imunodetecção em monocamadas e culturas organotípicas para examinar se as oncoproteínas do HPV poderiam regular a expressão das proteínas STAT1 e UCP2. Em seguida, avaliou sua expressão por meio de imuno-histoquímica em dois grupos: um com pacientes apresentando lesões precursoras e câncer, e outro com apenas pacientes com câncer cervical. Em cultura, células HaCaT transduzidas com os oncogenes E6/E7 do HPV alteraram a expressão de ambas as proteínas, principalmente em culturas organotípicas.

Em pacientes, os resultados mostram que os níveis de UCP2 e STAT1 aumentaram com o grau das lesões precursoras cervicais, e observou-se forte correlação entre suas expressões. “Embora poucas amostras de câncer tenham apresentado expressão nuclear de STAT1, um indicativo de ativação proteica, estas foram associadas a prognóstico desfavorável”, analisam os autores. Por outro lado, a expressão positiva de UCP2 foi associada a melhor sobrevida de pacientes com câncer cervical e menor recorrência.

“Nossos resultados indicam que as oncoproteínas do HPV influenciam a expressão de UCP2 e STAT1, e que essas proteínas podem servir como marcadores prognósticos para pacientes com lesões precursoras e, no caso da UCP2, para câncer cervical”, concluem os autores.

Além de Ana Paula Lepique, pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), que assina como autora correspondente, o trabalho tem a participação de Mariana Carmezim Beldi (USP), como primeira autora, além de Fabiane  Cristina Colunna (USP), Noely  Paula Lorenzi (USP), Jordy  Alexander Lasso Larco (USP),  Laura  Sichero (ICESP), Edmund  Baracat (USP), Vanesca  de Souza  Lino (USP),  Enrique  Boccardo (USP), Giana  Mota (USP), Luisa  Lina Villa (USP), Maricy  Tacla (USP), Márcia  Kamilos (Hospital Heliópolis) e Maria Luiza  Nogueira Dias Genta (ICESP).

Referência:

Uncoupling Protein 2 and Signal Transducer and Activator of Transcription 1 Are Targets of Human Papillomavirus Oncoproteins and May Be Prognostic Markers for Cervical Cancer Development. Beldi et al. Frontiers in Oncology