Onconews - Troca de iCDK 4/6 pós-progressão melhora SLP

Revisão sistemática e metanálise com participação da oncologista Andréia Cristina de Melo (foto), Chefe da Divisão de Pesquisa Clínica do Instituto Nacional de Câncer (INCA), mostra que os benefícios de inibidores de ciclinas (CDK4/6i ) no câncer de mama receptor hormonal positivo, HER 2 negativo (HR-positivo/HER2-negativo) se estendem além da progressão. A troca de CDK4/6i no tratamento de segunda linha melhorou a SLP (HR=0.61), mas a continuação não apresentou benefício; o ganho de SLP foi observado em pacientes com mutações PIK3CA, assim como em tumores com mutação em ESR1.

A adição de inibidores da quinase 4/6 dependentes de ciclina (CDK4/6i) à terapia endócrina (TE) é considerada o tratamento de primeira linha para câncer de mama avançado HR-positivo/HER2-negativo. No entanto, com a recente aprovação de várias terapias-alvo, o sequenciamento ideal do tratamento permanece incerto e não está claro se os benefícios do CDK4/6i se estendem além da progressão.

Neste estudo, o objetivo foi avaliar a eficácia do CDK4/6i em segunda linha após progressão com CDK4/6i em primeira linha, com foco específico em pacientes com mutação PIK3CA ou ESR1. A base de análise incluiu ensaios clínicos randomizados (ECRs) comparando CDK4/6i combinados com TE versus TE isoladamente em pacientes que apresentaram progressão tumoral com CDK4/6i em primeira linha.

Cinco ensaios clínicos randomizados foram incluídos, abrangendo 1.184 pacientes. Os resultados publicados por Almeida et al.  no ESMO OPEN mostram que a associação de CDK4/6i mais TE melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão (SLP) em comparação com a TE isoladamente, resultando em uma razão de risco de 0,73 (IC 95% 0,56-0,94, P < 0,05), com benefício mais proeminente em pacientes que trocaram o CDK4/6i (razão de risco 0,61, IC 95% 0,48-0,77, P < 0,05).

A análise mostra que o benefício foi consistente em pacientes com mutações somáticas no gene PIK3CA (razão de risco 0,71, IC 95% 0,52-0,98, P < 0,05) e mutações no gene ESR1 (razão de risco 0,66, IC 95% 0,49-0,89, P < 0,05).

Em relação à segurança, o perfil de toxicidade foi compatível com os efeitos colaterais conhecidos do tratamento com CDK4/6i.

“Nossos resultados corroboram a estratégia de troca de CDK4/6i no tratamento de segunda linha e demonstram benefício persistente mesmo em pacientes com mutações PIK3CA ou ESR1”, concluem os autores.

A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.

Referência:

Cyclin-dependent kinase 4/6 inhibitors beyond progression in hormone receptor-positive, HER2-negative advanced breast cancer: a systematic review and meta-analysis (REIGNITE study). de Almeida, L.F.C. et al. ESMO Open, Volume 10, Issue 10, 105808