No Brasil, a publicidade e a venda de produtos de tabaco e nicotina são proibidas na internet, mas monitorar e controlar o mercado ilícito e a publicidade ilegal continuam como um desafio. Estudo que avaliou a natureza dos anúncios de produtos de tabaco e nicotina no Instagram e no Facebook identificou 5.941 URLs em ambas as redes durante o período estudado (jul-set/2024). “Dessas URLs, 5.930 estavam no Instagram e 11 no Facebook. Todas as páginas foram removidas após determinação da ANVISA”, destacam os autores.
A análise mostra que o narguilé foi o item mais encontrado quando considerados os produtos de tabaco, seguido por tabaco picado e cigarros de palha. No caso do narguilé, esses achados estão em linha com dados epidemiológicos demonstrando que esses produtos têm apelo entre os jovens adultos brasileiros.
Os elementos de publicidade mais empregados foram aqueles destinados à venda direta (2013 itens), à exposição do produto (858 itens), às instruções de uso ou consumo do produto (36 itens), além de publicidade destinada à promoção da marca (9 itens), associada a personagens de desenhos animados (5 itens) e personagens de filmes (1 item).
O estudo tem como primeiro autor o pesquisador Breno Monteiro de Abreu, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e é o primeiro a investigar a publicidade de produtos de tabaco e nicotina em plataformas de mídia social no Brasil.
Para os pesquisadores, esses achados dimensionam a importância de discutir estratégias regulatórias e mecanismos de fiscalização que possam abordar e restringir de forma mais eficaz essa forma de publicidade, especialmente considerando que as políticas internas das plataformas de mídia social têm se mostrado insuficientes.
Abreu et al. destacam que a ANVISA e o grupo Meta firmaram acordo para facilitar a aplicação de restrições à publicidade. “O grande número de solicitações da ANVISA para remoção de URLs ilegais com anúncios não autorizados de diversos produtos, como medicamentos, alimentos e tabaco, levou o grupo Meta a criar uma linha direta dedicada à remoção dessas URLs. Esse acordo de cooperação com as redes sociais foi um elemento importante para a remoção das URLs ilegais, o que representa um ganho para a saúde pública”, analisam.
Referência:
Abreu, Breno M., Raiane D. Assimos, Larissa M. Ricardino, Juliana D. Frazão, Stefania S. Piras, Patricia A. Castello Branco, Patricia G. Albertassi, Jeanne A. Cavaggioni, Ana Márcia M. Fernandes, and Andre Luiz O. da Silva. "The profile of illegal advertising of tobacco and nicotine products on social networks in Brazil". Tobacco Prevention & Cessation 11 no. August (2025): 40. doi:10.18332/tpc/207095.