A preservação da fertilidade e da função ovariana ainda é um desafio na oncologia, especialmente para mulheres jovens diagnosticadas com câncer de mama. Uma análise conjunta dos estudos multicêntricos prospectivos Joven & Fuerte (México) e PREFER (Itália) revelou diferenças significativas entre os dois países na adoção de estratégias como criopreservação de gametas e o uso de análogos do GnRH (GnRHa) para proteção ovariana. Os resultados foram publicados no periódico The Breast.
A infertilidade potencial e insuficiência ovariana prematura representam preocupações importantes para mulheres jovens com câncer de mama em quimioterapia. Técnicas de criopreservação e supressão ovariana temporária com agonistas de GnRH (GnRHa) podem ser oferecidas para preservação da fertilidade (PF) e/ou proteção ovariana.
Esta análise conjunta dos estudos prospectivos multicêntricos Joven & Fuerte e PREFER comparou a adoção dessas estratégias e os fatores associados entre mulheres jovens com câncer de mama no México e na Itália.
O estudo incluiu mulheres com idade ≤ 40 anos diagnosticadas com câncer de mama não metastático entre 2014 e 2019, às quais foram oferecidas estratégias de preservação de fertilidade antes da quimioterapia (neo)adjuvante. Foram examinados a captação de GnRHa para proteção ovariana e procedimentos de criopreservação, bem como os motivos para sua não utilização.
Entre 485 pacientes (74% do México; 26% da Itália), técnicas de criopreservação foram utilizadas em 8% das pacientes mexicanas e 25% das pacientes italianas (p < 0,001). Os métodos no México e na Itália, respectivamente, compreenderam criopreservação de oócitos (50% e 87%), embriões (53% e 0%) e tecido ovariano (0% e 16%). GnRHa foi utilizado em 98% das pacientes italianas e 6% das pacientes mexicanas.
A adoção da criopreservação foi associada a idade mais jovem (OR 1,2, IC 95% 1,1-1,2), ausência de filhos (OR 21,8, IC 95% 10,0-47,6), câncer de mama em estágio I-II (OR 3,1, IC 95% 1,5-6,3), assistência médica privada no México (OR 3,0, IC 95% 1,1-8,1) e estado civil sem parceiro na Itália (OR 5,4, IC 95% 2,2-13,2).
Em síntese, a adoção da preservação da fertilidade e da proteção ovariana foi marcadamente maior na Itália do que no México, possivelmente refletindo contextos sociais e de saúde divergentes, embora a criopreservação tenha permanecido subutilizada em ambos os países. “A melhoria do acesso aos serviços de oncofertilidade é necessária para fornecer um atendimento abrangente alinhado às necessidades pessoais e aos planos de vida das mulheres com câncer de mama em estágio I-II”, concluem os autores.
Referência:
Fertility and ovarian function preservation in young women with breast cancer: A joint analysis of the Joven & Fuerte and PREFER prospective studies. Mesa-Chavez, Fernanda et al. The Breast