Práticas de baixo valor para o rastreamento de câncer não apenas representam desperdício de assistência médica, mas também levam a uma cascata de procedimentos diagnósticos invasivos que geram ansiedade e sofrimento para os pacientes. É o que mostra revisão que analisou seis práticas de rastreamento com baixo nível de evidência, indicando que mesmo após a publicação de diretrizes pode levar 13 anos ou mais para interromper o uso generalizado de exames de câncer desnecessários e potencialmente prejudiciais.
Neste estudo, os pesquisadores buscaram identificar quanto tempo leva para desimplementar práticas de rastreamento de câncer de baixo valor. Foram revisadas evidências sobre seis práticas de rastreamento de câncer de "Grau D" segundo a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos: (1) rastreamento de câncer cervical em mulheres <21 anos e >65 anos, (2) rastreamento de câncer de próstata em homens ≥70 anos e (3) rastreamento de câncer de ovário, (4) de tireoide, (5) de testículo e (6) de pâncreas em adultos assintomáticos. A desimplementação foi definida como redução de 50% no uso da prática no atendimento de rotina.
Os resultados foram publicados na BMJ Quality and Safety e mostram que o tempo para a desimplementação do rastreamento do câncer cervical foi de 4 anos para mulheres <21 e de 16 anos para mulheres >65. Os autores relatam que o rastreamento da próstata em homens ≥70 não atingiu redução de 50% desde o lançamento da diretriz de 2012 e não identificaram evidências suficientes para medir o tempo para a desimplementação do rastreamento do câncer de ovário, tireoide, testicular e pancreático em adultos assintomáticos.
Em síntese, a revisão destaca que aprimorar a mensuração sistemática de práticas de baixo valor para o controle do câncer é fundamental para avaliar o impacto da desimplementação nos desfechos dos pacientes, na prestação de serviços de saúde e nos custos da saúde.
Referências:
LeLaurin JH, Pluta K, Norton WE, et al. Time to de-implementation of low-value cancer screening practices: a narrative review. BMJ Quality & Safety Published Online First: 20 May 2025. doi: 10.1136/bmjqs-2025-018558