Onconews - Alto impacto da quimioterapia na reserva ovariana em sobreviventes de câncer de mama em idade reprodutiva

Mais da metade das sobreviventes de câncer de mama apresentam reserva ovariana gravemente reduzida após a quimioterapia, o que está associado a uma janela fértil mais curta e a um risco aumentado de insuficiência ovariana prematura. É o que demonstra revisão sistemática e meta-análise de Weidlinger e colegas publicada no The Breast.

O risco de infertilidade após o tratamento do câncer de mama é crítico para mulheres em idade reprodutiva. A avaliação precisa do risco é essencial para o aconselhamento e a preservação da fertilidade.

A amenorreia como marcador de infertilidade não é confiável devido às terapias endócrinas. “O hormônio antimulleriano (HAM) é um marcador confiável de fertilidade, mas seu papel na avaliação da perda de reserva ovariana induzida por quimioterapia em sobreviventes de câncer de mama permanece pouco explorado”, observam os autores.

Esta revisão sistemática e meta-análise avalia o declínio do HAM e a prevalência de reserva ovariana baixa (HAM < 1 ng/mL) e muito baixa (< 0,5 ng/mL) em sobreviventes de câncer de mama com menos de 40 anos, 12 a 24 meses após a quimioterapia, para quantificar o impacto gonadotóxico dos tratamentos de câncer de mama.

Uma busca sistemática na literatura no PubMed, Embase e na Biblioteca Cochrane identificou estudos com níveis de HAM antes e 12 a 24 meses após a quimioterapia em pacientes com câncer de mama com menos de 40 anos. Os dados sobre os níveis de HAM foram agrupados por meio de meta-análise de efeitos randomizados. A qualidade dos estudos foi avaliada utilizando a Lista de Verificação de Avaliação Crítica do Instituto Joanna Briggs. O estudo faz parte do projeto FertiTOX (www.fertitox.com).

Foram incluídos dez estudos (860 sobreviventes de câncer de mama). O declínio médio do AMH foi de -1,61 (IC 95%: -2,31; -0,91) após a quimioterapia. A prevalência combinada de AMH < 1 ng/mL e < 0,5 ng/mL foi de 58% (46-70%) e 53% (41-64%), respectivamente, e foi observada alta heterogeneidade (I2 > 80%).

Em síntese, mais da metade das sobreviventes de câncer de mama apresentam reserva ovariana gravemente reduzida após a quimioterapia, o que está associado a uma janela fértil mais curta e a um risco aumentado de insuficiência ovariana prematura. “Esses achados destacam a necessidade de aconselhamento sobre fertilidade pré-tratamento e vigilância da insuficiência ovariana pós-tratamento no atendimento oncológico de rotina”, concluem os pesquisadores. 

Referência:

High Impact of Chemotherapy on Ovarian Reserve in Breast Cancer Survivors of Reproductive Age: A Systematic Review and Meta-Analysis. Weidlinger, Susanna et al. The Breast, Volume 0, Issue 0, 104514