Onconews - Estudo discute como avaliar, comunicar e atuar sobre o risco individual de toxicidades a longo prazo após o câncer de mama

Maria Alice Franzoi (foto), oncologista do Instituto Gustave Roussy, é primeira autora de estudo que investiga as necessidades, preferências e expectativas de pacientes e profissionais de saúde quanto à implementação de um caminho de cuidado para avaliar, comunicar e mitigar o risco de toxicidades a longo prazo após o tratamento do câncer de mama, utilizando algoritmos de predição de risco. Os resultados estão em artigo publicado em acesso aberto no Journal of Cancer Survivorship.

Sobreviventes de câncer de mama podem sofrer sobrecargas pós-tratamento significativas e persistentes, que impactam negativamente a qualidade de vida geral. Anteriormente, foram desenvolvidos algoritmos de predição de risco para identificar perfis individuais de pacientes com risco aumentado de toxicidades a longo prazo. Para preparar a implementação desses algoritmos de risco no atendimento de rotina, os pesquisadores realizaram um estudo para avaliar preferências, catalisadores e barreiras relacionadas à comunicação do risco individual de toxicidades a longo prazo do câncer de mama. O objetivo é estabelecer um caminho para avaliação, comunicação e gerenciamento de risco desde o diagnóstico.

Um estudo de co-design foi realizado utilizando uma estrutura de pesquisa participativa e métodos qualitativos. Duas fases de grupos focais foram conduzidas para avaliar a perspectiva de pacientes e profissionais por meio de um processo interativo de Exploração, Consulta, Priorização, Integração e Co-design.

As discussões foram guiadas por quatro questões principais: Quem deve comunicar o risco? Quando o risco deve ser comunicado? Como o risco deve ser comunicado? Quais informações devem ser comunicadas e quais cuidados devem ser propostos? As discussões dos grupos focais foram gravadas, pseudoanonimizadas, transcritas e avaliadas por meio de uma análise de conteúdo temática. Os resultados foram relatados seguindo os critérios consolidados para relato de pesquisa qualitativa (COREQ).

Entre julho de 2022 e agosto de 2023, foram realizados seis grupos focais com um total de 28 participantes (8 pacientes e 20 profissionais). Os resultados revelaram uma forte disposição para discutir o risco de toxicidades a longo prazo, particularmente para pacientes que apresentariam maior risco de toxicidades.

No entanto, essa disposição dependeu da implementação de caminhos de cuidados de suporte que ofereçam estratégias de comunicação personalizadas e abordagens de mitigação de risco adaptadas às necessidades de cada paciente.

“Este estudo constatou que tanto pacientes quanto profissionais estão interessados ​​e dispostos a se envolver na avaliação, comunicação e mitigação de toxicidades a longo prazo desde o momento do diagnóstico. Para atender a essa necessidade no tratamento de rotina, foi desenvolvido em conjunto um caminho personalizado que será submetido a testes formais em um ensaio clínico híbrido de eficácia/implementação Tipo 3 (NCT06479057)”, esclarecem os autores.

Resultados:

Franzoi, M.A., Santolaya, C., Martin, E. et al. “Let’s talk about risk”: co-designing a pathway to assess, communicate and act on individual risk of long-term toxicities after breast cancer. J Cancer Surviv (2025). https://doi.org/10.1007/s11764-025-01826-0