Onconews - Pesquisa brasileira analisa ancestralidade e risco genético no câncer colorretal

Ana Carolina de Carvalho (na foto, à esquerda), Ana Carolina Laus e Howard Ribeiro Lopes Júnior compartilham a primeira autoria de estudo realizado no Hospital de Câncer de Barretos, que identificou quatro polimorfismos de nucleotídeo único associados ao risco de câncer colorretal (CCR) em uma grande coorte brasileira. “Até onde sabemos, este é o maior estudo de caso-controle brasileiro e pode aumentar nossa compreensão sobre fatores de risco genéticos para CCR nesta população miscigenada”, destacam os autores.

O câncer colorretal ocupa a terceira posição entre os tipos de câncer mais frequentes no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são estimados 45.630 novos casos a cada ano no período de 2023 a 2025. Embora diversos polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) tenham sido associados ao risco de câncer colorretal em populações europeias e asiáticas, estudos em populações miscigenadas, como a brasileira, permanecem escassos.

Nesta análise, os pesquisadores buscaram replicar a associação de 45 SNPs previamente identificados com o risco de CCR e explorar sua correlação com características clinicopatológicas e ancestralidade genética em uma grande coorte brasileira. Foram incluídos 990 casos de CCR e 1.027 controles no Brasil. Foram genotipados 45 SNPs usando ensaios de SNPtype e 46 marcadores informativos de ancestralidade foram avaliados. Após o pareamento de casos e controles por sexo e idade, 906 casos e 906 controles foram analisados.

Os resultados relatados no JCO Global Oncology mostram que a genotipagem foi bem-sucedida para 35 SNPs, e nove apresentaram associações significativas com CCR. A análise multivariada confirmou dois SNPs associados ao aumento do risco de CCR, rs10795668 (odds ratio [OR], 1,98; P = 0,003) e rs6066825 (OR, 1,50; P = 0,008), e dois SNPs com efeitos protetores: rs4939827 (OR, 0,61; P = 0,001) e rs6983267 (OR, 0,65; P = 0,013). A ascendência asiática baixa (tercil inferior, OR, 1,48; P = 0,001) e africana baixa (tercil inferior, OR, 1,22; P = 0,025) aumentou o risco de CCR.

“Este estudo expande o conhecimento sobre loci de risco para CCR em uma grande população brasileira miscigenada de pacientes com CCR, explorando o impacto de um conjunto de 35 SNPs no risco de CCR”, analisam os autores. “Além disso, avaliamos a associação entre padrões de ancestralidade e essas variantes em relação à suscetibilidade ao CCR. Replicamos o impacto de rs10795668 (LOC105376400), rs4939827 (SMAD7), rs6066825 (PREX1) e rs6983267 (CCAT2) e também sugerimos que um baixo componente de ancestralidade asiática e africana pode influenciar o risco de CCR”, destacam.

Além de Ana Carolina de Carvalho, Ana Carolina Laus e Howard Ribeiro Lopes Junior, do Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular do Hospital de Câncer de Barretos, o trabalho tem a participação de Jun Porto, Débora Sant'Anna Silva, Adeylson Guimarães Ribeiro, José Guilherme Datorre, Rosielly Melo Tavares, Anne Beatriz Sousa Carlos, Tulio Furquim, Miyuki Uno, Roger Chammas, Priscilla Villela, Mariana Bisarro dos Reis, Marcus de Medeiros Matsushita, Marco Antônio Oliveira, Welinton Yoshio Hirai, Denise Peixoto Guimarães, Florinda Almeida Santos e Rui Manuel Reis, que assina como autor correspondente.

Atualmente, Ana Carolina de Carvalho integra o grupo de Epidemiologia Genômica da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC),

A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.

Referência:

Ana Carolina de Carvalho et al. Association of Genetic Ancestry and Colorectal Cancer Risk in a Large Brazilian Cohort: Replication of Single-Nucleotide Polymorphisms Identified by Genome-Wide Association Studies. JCO Glob Oncol 11, e2400512(2025). DOI:10.1200/GO-24-00512