Estudo publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO) investigou os padrões de tratamento e cuidados de suporte em pacientes idosos com adenocarcinoma ductal pancreático metastático (mPDAC), evidenciando mudanças expressivas na escolha da quimioterapia ao longo da última década. “Embora a adoção de esquemas mais intensivos tenha aumentado, a heterogeneidade nas práticas reflete a necessidade de estratégias mais personalizadas para o paciente idoso com câncer de pâncreas metastático”, afirmam os autores.
“Embora o fluorouracil, leucovorina, irinotecano e oxaliplatina (FOLFIRINOX) e a gencitabina com NAB-paclitaxel (GnP) representem opções de quimioterapia de primeira linha para adenocarcinoma ductal pancreático metastático (mPDAC), os padrões de prática em idosos permanecem pouco estudados”, observam os autores.
Nesse estudo, os pesquisadores descrevem as tendências nacionais de tratamento, os fatores associados à seleção do tratamento e o recebimento de tratamento de segunda linha em idosos com mPDAC.
Utilizando o banco de dados SEER-Medicare (2010-2019), foi identificada uma coorte de indivíduos com 66 anos ou mais diagnosticados com adenocarcinoma ductal pancreático metastático que iniciaram quimioterapia por infusão em até 90 dias após o diagnóstico. As tendências temporais na seleção do tratamento de primeira linha foram quantificadas para a população geral e estratificadas por níveis de um índice de fragilidade (robusto, pré-frágil e frágil).
Os pesquisadores utilizaram regressão logística multinomial para descrever as associações entre fatores do paciente e o agente de primeira linha recebido, ajustado para o ano do diagnóstico. Foram caracterizados o tempo mediano em terapia de primeira linha, o uso de intervenções de suporte e o recebimento de terapia de segunda linha.
Entre 7.473 adultos com adenocarcinoma pancreático metastático (idade mediana = 74 anos, 50,7% mulheres), a monoterapia com gencitabina foi o tratamento predominante em 2010, com 69,3%, mas em 2019 caiu para o terceiro regime mais utilizado (16,6%), atrás de NAB-paclitaxel (45,2%) e FOLFIRINOX (20,9%). Nos dados mais recentes (2019), 29,8%, 19,8% e 6,8% dos indivíduos robustos, pré-frágeis e frágeis, respectivamente, receberam FOLFIRINOX.
Os fatores associados à seleção do regime incluíram idade, sexo, raça/etnia, comorbidades e fragilidade. Aproximadamente um terço dos pacientes que iniciaram o tratamento com FOLFIRINOX recebeu GnP como segunda linha (36,3%) e vice-versa (31,1%).
Em síntese, o uso da quimioterapia evoluiu em idosos com adenocarcinoma pancreático metastático e varia de acordo com os níveis de fragilidade basal. “A escolha do tratamento deve considerar não apenas a eficácia do regime, mas também o perfil geriátrico e o suporte necessário para preservar a qualidade de vida”, concluem.
Referência:
Charles E. Gaber et al. Chemotherapy and Supportive Care Practice Patterns Among Older Adults With Metastatic Pancreatic Cancer. JCO Oncol Pract 0, OP-25-00534. DOI:10.1200/OP-25-00534.