Onconews - TORPEdO mostra que IMRT e feixe de prótons tem resultados comparáveis de qualidade de vida no câncer de orofaringe

Ensaio clínico de fase III (TORPEdO) apresentado no ASTRO 2025 concluiu que a radioterapia de intensidade modulada (IMRT) e a terapia com feixe de prótons promovem resultados semelhantes de qualidade de vida e baixas taxas de efeitos colaterais para pacientes com câncer de orofaringe localmente avançado. Os dados apresentados por David Thomson (foto), do The Christie NHS Foundation Trust, Inglaterra, mostram que não houve diferença entre os grupos de análise na qualidade de vida relatada pelos pacientes, função de deglutição ou dependência de sonda de alimentação em um ano.

No estudo TORPEdO (TOxicity Reduction using Proton bEam therapy for Oropharyngeal câncer), 205 pacientes com carcinoma espinocelular de orofaringe localmente avançado foram randomizados (2:1) para receber terapia de prótons com modulação de intensidade (n=136) ou IMRT (n=69) com quimioterapia concomitante com cisplatina em centros espalhados pelo Reino Unido, no período de 2020 e 2023. A mediana de idade foi de 57,1 anos, com participação majoritariamente masculina (79,5%) e história de menos de 10 anos-maço de tabagismo (67,8%).

Os desfechos coprimários do estudo combinaram medidas clínicas, como uso de sonda de alimentação e  perda de peso grave (20% em relação ao início do estudo), além de desfechos relatados pelos pacientes, incluindo efeitos colaterais e qualidade de vida avaliados por meio de questionários no início do estudo e em múltiplos momentos após o tratamento.

Os resultados apresentados no ASTRO 2025 mostram que ambos os grupos apresentaram taxas muito baixas de pacientes dependentes de sonda de alimentação (1,7% cada) um ano após o tratamento. Perda de peso grave ocorreu com maior frequência no braço de prótons (18,2%) em comparação com IMRT (5,7%).

Thomson e colegas destacaram que ambas as abordagens avançadas de radiação resultaram em excelente controle do tumor e menos efeitos colaterais a longo prazo do que o esperado. "Não encontramos evidências de diferença nos efeitos colaterais físicos relatados tardiamente pelos pacientes ou na qualidade de vida entre a terapia com feixe de prótons e a IMRT, com a IMRT contemporânea apresentando desempenho melhor do que o previsto", disse Thomson,  pesquisador-chefe do ensaio. “Nossos resultados confirmam que a IMRT de alta qualidade é um excelente tratamento para esta doença”.

O carcinoma espinocelular de orofaringe (OPSCC) é um câncer de cabeça e pescoço que afeta a parte média da garganta. Sua incidência tem aumentado em muitos países em consequência do  aumento da infecção pelo papilomavírus humano (HPV). É o câncer relacionado ao HPV mais comum em homens e o segundo mais comum em mulheres.

Referência:

Abstract LBA 02: Primary results for the phase III trial of toxicity reduction using proton beam therapy for oropharyngeal cancer (TORPEdO; CRUK/18/010)