Onconews - Teste de HPV de alto risco prevê falha ao tratamento de lesões precursoras do câncer cervical

O teste de HPV de alto risco é altamente sensível e específico para predizer neoplasia intraepitelial cervical grau 2 ou pior (NIC 2+) residual ou recorrente após tratamento excisional e é, portanto, um preditor preciso de falha do tratamento em mulheres tratadas para NIC 2+. É o que relatam Bomans et al. em artigo no Obstetrics & Gynecology.

Com o objetivo de prever a falha terapêutica após o tratamento excisional de neoplasia intraepitelial cervical grau 2 ou pior (NIC 2+), os pesquisadores buscaram avaliar a acurácia diagnóstica e a utilidade clínica dos testes pós-tratamento. A revisão sistemática considerou as principais bases de dados (EMBASE, PubMed e MEDLINE) selecionando estudos que avaliaram a ocorrência de falha terapêutica em mulheres submetidas a tratamento excisional para lesão NIC 2+ confirmada histologicamente, publicados de janeiro de 1975 a agosto de 2024.

Os autores descrevem que metanálises já publicadas foram ampliadas e atualizadas. Um total de 1.802 estudos foram revisados. Bomans et al. incluíram estudos com pelo menos 18 meses de acompanhamento avaliando a acurácia diagnóstica do estado da margem, teste citológico, combinação de citologia e HPV de alto risco, ou combinação de estado da margem e HPV de alto risco em comparação com teste de HPV de alto risco. O desfecho primário foi a falha terapêutica (NIC 2+ residual ou recorrente) e a acurácia diagnóstica absoluta e relativa para prever esse desfecho.

A base de análise considerou 46 estudos e 20.385 mulheres. Os resultados mostram que a falha terapêutica ocorreu em 6,6% das pacientes. A sensibilidade e a especificidade combinadas do teste para HPV de alto risco foram de 86,8% e 80,5%, respectivamente. A citologia apresentou sensibilidade de 70,8% e especificidade de 85,7%, combinadas a partir de 34 estudos. Em comparação com o teste para HPV de alto risco nos mesmos estudos, os autores descrevem que a citologia foi 6,5% mais específica, mas 21,3% menos sensível (IC 95%, 0,702-0,882). A avaliação do estado da margem foi 39,9% menos sensível, mas tão específica (IC 95%, 0,970-1,069) quanto o teste de HPV de alto risco em 29 estudos, com sensibilidade e especificidade combinadas de 48,9% e 82,5%, respectivamente. O coteste com citologia e HPV de alto risco foi similarmente sensível (IC 95%, 0,992-1,061), mas 10,5% menos específico (IC 95%, 0,850-0,944) em comparação ao teste de HPV de alto risco em 16 estudos, com sensibilidade e especificidade combinadas de 94,7% e 69,9%, respectivamente. Bomans e colegas mostram que a sensibilidade e a especificidade combinadas do co-teste com status de margem e HPV de alto risco foram de 96,9% e 55,7%, respectivamente, 6,6% mais sensíveis (IC de 95%, 1,021-1,114), mas 26,7% menos específicos (IC de 95%, 0,637-0,844) do que o teste de HPV de alto risco em oito estudos.

Margens de ressecção comprometidas, citologia anormal e resultado positivo no teste de HPV de alto risco foram associados a um risco de falha de 16,1%, 29,0% e 26,1%, respectivamente. Mulheres com margens negativas, citologia normal e resultado negativo no teste de HPV de alto risco apresentaram risco de falha de 3,6%, 2,3% e 0,9%, respectivamente. O risco de falha do tratamento foi maior para mulheres com margens comprometidas e resultado positivo no teste de HPV de alto risco (45,3%) e menor para mulheres com margens negativas e resultado negativo no teste de HPV de alto risco (0,3%). Citologia anormal e resultado positivo no teste de HPV de alto risco aumentaram o risco de falha do tratamento para 42%, enquanto citologia normal e resultado negativo no teste de HPV de alto risco reduziram o risco para 0,6%.

“O teste de HPV de alto risco é altamente sensível e específico para predizer NIC 2+ residual ou recorrente após tratamento excisional. O teste citológico e a avaliação do estado da margem são ligeiramente mais específicos e similarmente específicos, respectivamente, mas ambos são significativamente menos sensíveis”, analisam os autores. “O teste de HPV de alto risco pode informar suficientemente o manejo pós-tratamento com base no risco de falha do tratamento pós-teste, diferentemente da citologia e da avaliação do estado da margem. O teste de HPV de alto risco isoladamente tem desempenho semelhante ao do co-teste com citologia ou estado da margem. O teste de HPV de alto risco pós-tratamento é, portanto, um preditor preciso de falha do tratamento em mulheres tratadas para NIC 2+”, concluem.

Referência:

Bomans L, Ramirez AT, Hillemanns P, Gultekin M, Arbyn M. Prediction of Treatment Failure After Excisional Treatment of Cervical Precancer: A Systematic Review and Meta-analysis. Obstet Gynecol. 2025 Jul 10. doi: 10.1097/AOG.0000000000005997. Epub ahead of print. PMID: 40638922.