A incidência do câncer de orofaringe tem aumentado globalmente como consequência da infecção pelo papilomavírus humano, principalmente em países de alta renda. Estudo que buscou estimar a incidência, as tendências e as previsões do câncer de orofaringe a partir dos registros de câncer de base populacional (RCBP) brasileiros mostra variações regionais importantes, com taxas mais altas de incidência observadas nas regiões Sudeste e Sul.
Os dados sobre câncer de orofaringe foram coletados de RCBP, no período de1988-2020. As taxas padronizadas por idade foram calculadas a partir de 2000, utilizando o censo brasileiro de 2010 e a população padrão mundial. A variação percentual média anual foi analisada utilizando o modelo de regressão joinpoint. As previsões até 2034 foram feitas utilizando o programa Nordpred e o modelo idade-período-coorte.
Os resultados mostram que 17.980 casos de câncer de orofaringe foram registrados em 30 RCPB no período analisado (1988-2020). A maioria dos casos envolveu homens (81,58%) e com idades entre 55 e 59 anos (17,06%). A orofaringe sem outra especificação (40,58%), a base da língua (24,98%) e as amígdalas (22,52%) foram os locais mais afetados. As maiores taxas de incidência foram encontradas nas regiões Sudeste e Sul (3,1-9,4/100.000). Os autores descrevem que as tendências de incidência aumentaram em 10 regiões RCPB em homens e em 6 regiões em mulheres. “As previsões até 2034 indicam tendências decrescentes para mulheres e crescentes para homens nas regiões Norte e Sul do Brasil”, sinalizam.
Em conclusão, a incidência de câncer de orofaringe no Brasil difere entre as regiões, com taxas mais altas observadas nas regiões Sul e Sudeste. A prevalência da fração atribuível ao papilomavírus humano para o câncer de orofaringe é desconhecida.
“A análise das taxas de incidência e tendências regionais do câncer de orofaringe visa melhor compreender a epidemiologia dessa neoplasia maligna na população brasileira”, destacam os autores.
O trabalho tem participação de Lady Paola Aristizabal Arboleda, que assina como primeira autora, e dos pesquisadores Dyego Leandro Bezerra de Souza (Professor do Departamento de Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Diego Rodrigues Mendonça e Silva (Epidemiologista, Registro de Câncer Hospitalar, AC Camargo Cancer Center) e Maria Paula Curado (Grupo de Epidemiologia e Estatística, AC Camargo Cancer Center).
Referência:
Arboleda LPA, de Souza DLB, Mendonça E Silva DR, Curado MP. Oropharyngeal Cancer Incidence and Trends in Brazil. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2025 Apr 3;34(4):518-526. doi: 10.1158/1055-9965.EPI-24-0863. PMID: 39836445.