Onconews - Subtipos moleculares do carcinoma de células renais diferem entre brancos e negros

O carcinoma de células renais (CCR) está entre os cânceres mais frequentemente diagnosticados, com mais de 80.000 novos casos e quase 15.000 mortes estimadas nos Estados Unidos em 2024. Estudo de pesquisadores da Johns Hopkins, relatado na Cancer Research Communications, traz dados que associam indivíduos brancos e negros a subtipos moleculares distintos de CCR de células claras e destacam a importância dos classificadores moleculares na estratificação da doença.

A incidência de CCR varia de acordo com a raça autorrelatada, com pacientes pretos (B) demonstrando incidência ajustada por idade maior do que pacientes brancos (W). A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu mais de 20 subtipos histológicos e molecularmente distintos de CCR, sendo o CCR de células claras (CCRcc) o mais frequente, representando aproximadamente 75% dos novos diagnósticos.

Neste estudo, pesquisadores realizaram sequenciamento completo do exoma e do transcriptoma em amostras de tumores e amostras de tecidos normais de 59 pacientes B e W pareados, submetidos a nefrectomia para CCRcc localizado. Foram comparadas diferenças moleculares por similaridade genética considerando grupos africanos (AFR) e europeus (EUR) de acordo com os critérios do 1000 Genomes.  Os achados foram validados em um subgrupo do TCGA pareado por propensão, produzindo uma coorte final de 254 pacientes (79 AFR, 175 EUR) com variáveis ​​clínicas basais semelhantes.

Os resultados mostram que diferenças significativas surgiram na frequência de mutação VHL (AFR: 23,4%, EUR: 57,5%; FDR = 0,0029) e nas deleções do cromossomo 3p (AFR: 59,2%, EUR: 82,6%; FDR = 0,086). Análises transcriptômicas identificaram 34 genes associados à similaridade genética e o enriquecimento do conjunto de genes revelou enriquecimento das vias inflamatória (interferon gama/alfa, rejeição de aloenxerto), proliferativa (alvos E2F, ponto de verificação G2M) e metabólica (ácido biliar, ácido graxo, glicólise, MTORC1, peroxissomo) em EUR. A análise também mostrou diferenças na distribuição dos subtipos moleculares de CCRcc, sendo os subtipos "Proliferativo" e "Angio/Estromal" mais comuns em AFR (p = 0,018). Os pesquisadores também destacam que a associação diferencial de subtipos explicou a maioria das diferenças observadas entre os grupos.

“Esses resultados vinculam a similaridade genética de EUR e AFR a subtipos moleculares distintos de CCRcc, ressaltando a importância dos classificadores moleculares na estratificação da doença e a necessidade de incluir populações diversas em estudos moleculares para melhorar nossa compreensão e tratamento do CCRcc”, concluem os autores.

Indivíduos autorrelatados pretos permanecem sub-representados em estudos moleculares de carcinoma de células renais de células claras em relação a indivíduos brancos. 

Referência:

Roy Elias, Thomas Nirschl, Michael Rezaee, Anirudh Yerrapragada, Shirley Wang, Joseph Cheaib, Ridwan Alam, Sunil Patel, Yuezhou Jing, Mohamad Allaf, David McKean, Alison P. Klein, Elana J. Fertig, Ezra Baraban, Yasser Ged, Srinivasan Yegnasubramanian, Nirmish Singla; Clear cell renal cell carcinoma molecular subtypes differ by African and European genetic similarity groups. Cancer Research Communications 2025; https://doi.org/10.1158/2767-9764.CRC-24-0624