Onconews - Revisão explora implicações da dieta no risco de carcinoma hepatocelular

O consumo de carne vermelha e processada, a alta ingestão de ácidos graxos saturados, alimentos com alta carga glicêmica e até mesmo o consumo moderado de álcool estão associados a maior risco de carcinoma hepatocelular, revela estudo publicado na Nutrition Reviews.

Nesta revisão, Matray et al. analisam as associações estabelecidas e putativas entre componentes alimentares e risco de carcinoma hepatocelular (CHC). “Tradicionalmente, infecções crônicas por hepatite e abuso de álcool têm sido as principais causas de carcinoma hepatocelular (CHC), mas agora estão sendo gradualmente superadas por distúrbios metabólicos como obesidade, diabetes tipo 2 e doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD). Padrões alimentares ocidentais, juntamente com um estilo de vida sedentário, são os principais contribuintes para a atual epidemia global de doenças metabólicas, mas pouco se sabe sobre o papel dos hábitos alimentares na modulação do risco de CHC”, descrevem os autores.

O estudo considerou informações fornecidas nas monografias da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC, na sigla em inglês) e no relatório de 2018 do Fundo Mundial de Pesquisa em Câncer/Instituto Americano de Pesquisa do Câncer. A partir dessas referências os pesquisadores identificaram alimentos, componentes alimentares e contaminantes indicados como fatores de risco confirmados ou potenciais para CHC. Cada item identificado motivou uma busca em revisões sistemáticas e metanálises na base de dados PubMed, usando os termos do Medical Subject Heading dos itens alimentares indicados, assim como o nome genérico do item alimentar.

Os resultados mostram que o consumo de carne vermelha e processada, a alta ingestão de ácidos graxos saturados, alimentos com alta carga glicêmica e até mesmo o consumo moderado de álcool estão associados ao maior risco de CHC.

“Danos celulares causados por inflamação crônica de baixo grau (metainflamação), resistência à insulina e alterações na composição e atividade metabólica da microbiota intestinal são mecanismos potenciais pelos quais as dietas ocidentais promovem a carcinogênese hepática”, analisa a revisão. Por outro lado, Matray et al. destacam que o consumo de maiores quantidades de vegetais, leguminosas, frutas e produtos derivados de grãos integrais pode fornecer a quantidade adequada de fibras, polifenóis e carboidratos de baixo índice glicêmico, além de aliviar o microambiente hepático pró-tumorigênico.

“A intervenção nutricional que promove hábitos alimentares saudáveis é uma estratégia atraente de longo prazo para reduzir o risco de CHC”, concluem os autores. “Pacientes com doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica sem fibrose avançada, excluídos das estratégias atuais de rastreamento de CHC, podem ser a principal população-alvo”, propõem.

Referência:

Matray C, Debras C, Chatziioannou AC, Perlemuter G, Jenab M, Voican CS. Diet Habits and Hepatocellular Carcinoma - Potential Implication for Clinical Practice. Nutr Rev. 2025 Jul 18:nuaf129. doi: 10.1093/nutrit/nuaf129. Epub ahead of print. PMID: 40679550.