Onconews - Consumo de carne e risco de câncer hepatobiliar no Estudo de Dieta e Saúde do NIH-AARP

A substituição da ingestão de carne vermelha por carne branca pode reduzir o risco de câncer de fígado em quase 40%, enquanto a substituição de carne branca por carne vermelha pode aumentar o risco em mais de 60%. É o que demonstra artigo de David Wahl e colegas publicado no JNCI Cancer Spectrum, em análise que considerou 480.347 adultos norte-americanos participantes do estudo prospectivo de Dieta e Saúde do NIH-AARP.

Nesse estudo, os pesquisadores investigaram a relação entre a ingestão de carnes vermelhas, brancas e processadas com câncer de fígado — incluindo carcinoma hepatocelular (CHC) e colangiocarcinoma intra-hepático (CCI), câncer de vesícula biliar e outros cânceres do trato biliar.

A coorte analítica consistiu em 480.347 adultos norte-americanos participantes do estudo prospectivo de Dieta e Saúde do NIH-AARP, livres de câncer no início do estudo, com idades entre 50 e 71 anos. Com um acompanhamento mediano de 19,68 anos, foram identificados 1.150 casos incidentes de câncer de fígado (219 de CCI e 931 de CHC), 231 de vesícula biliar e 472 de outros tratos biliares (272 de colangiocarcinoma extra-hepático).

No início do estudo, um questionário de frequência alimentar autoadministrado avaliou a ingestão alimentar habitual. Os pesquisadores utilizaram modelos multivariáveis de riscos proporcionais de Cox para estimar as associações do tipo de carne com cânceres hepatobiliares, modelos de substituição com a abordagem "deixar um de fora" (“leave-one-out”) foram aplicados como análise primária e modelos de adição como análise suplementar.

 

Os resultados revelam que a substituição de carne vermelha por carne branca foi inversamente associada ao câncer de fígado (HR50g/1000 kcal = 0,62, IC 95%: 0,51, 0,77), CHC (HR50g/1000 kcal = 0,63, IC 95%: 0,50, 0,80) e ICC (HR50g/1000 kcal = 0,56, IC 95%: 0,35, 0,90). Devido à simetria dos modelos de substituição, a substituição de carne branca por carne vermelha produziu razões de risco iguais ao recíproco desses valores, indicando risco aumentado para os mesmos locais de câncer. Não foram observadas associações entre o consumo de carne e câncer de vesícula biliar ou de outras vias biliares.

“Nosso estudo indica que a substituição da ingestão de carne vermelha por carne branca pode reduzir o risco de câncer de fígado em quase 40%, enquanto a substituição de carne branca por carne vermelha pode aumentar o risco em mais de 60%”, concluem os autores. 

Referência:

David Wahl, Erikka Loftfield, Sémi Zouiouich, Linda M Liao, Hyokyoung G Hong, Katherine A McGlynn, Rashmi Sinha, Meat consumption and risk of hepatobiliary cancers in the NIH-AARP Diet and Health Study, JNCI Cancer Spectrum, 2025; pkaf068, https://doi.org/10.1093/jncics/pkaf068