Incorporar o monitoramento eletrônico de sintomas com sinais vitais à rotina de pacientes com câncer de mama metastático ERBB2-positivo em tratamento com trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) pode melhorar significativamente a qualidade de vida. É o que demonstram os resultados do estudo PRO-DUCE, publicado no JAMA Network Open. “Embora os desfechos de sobrevida não tenham sido afetados, essa estratégia de monitoramento tem potencial para aprimorar o cuidado centrado no paciente”, avaliam os pesquisadores.
Conduzido em 38 hospitais japoneses entre 1º de março de 2021 e 31 de dezembro de 2024, esse ensaio clínico randomizado, multicêntrico, avaliou 111 mulheres com câncer de mama metastático HER2-positivo, randomizadas (1:1) para receber cuidado usual ou uma intervenção baseada em monitoramento digital, com envio remoto de sintomas e sinais vitais — incluindo temperatura corporal e oximetria — via smartphone ou tablet. Alertas foram enviados à equipe médica quando os limiares de sintomas ou sinais vitais foram excedidos.
O desfecho primário foi a variação na pontuação do status de saúde global (GHS) em 24 semanas, mensurada por meio do questionário EORTC QLQ-C30. Os desfechos secundários incluíram mudanças nas escalas funcionais e de sintomas, bem como nos desfechos de sobrevida.
Das 111 pacientes do sexo feminino inscritas (idade média [DP] de 57,1 [11,0] anos), 56 (50,5%) foram randomizadas para o grupo de monitoramento e 55 (49,5%) para o grupo de cuidados habituais. As características basais das pacientes e as pontuações de qualidade de vida foram comparáveis entre os dois grupos.
Na semana 24, a mudança média na pontuação do status de saúde global em relação ao início do estudo foi maior no grupo de monitoramento em comparação ao grupo de cuidados habituais (diferença média, 8,0 [IC de 90%, 0,2-15,8]; P = 0,09). Melhoras nas escalas funcionais foram observadas no grupo de monitoramento para o papel funcional (diferença média, 10,0 [IC de 95%, 1,1-18,9]), cognitivo (6,3 [IC de 95%, 1,1-11,5]) e social (10,9 [IC de 95%, 3,9-18,0]).
As pontuações de fadiga foram menores no grupo de monitoramento (diferença média, -8,4 [IC de 95%, -16,1 a -0,6]), embora as pontuações de náusea ou vômito tenham sido semelhantes entre os grupos (diferença média, 0,5 [IC de 95%, -6,2 a 7,1]). Não foram observadas diferenças significativas nos desfechos de sobrevida.
Em síntese, neste ensaio clínico randomizado com pacientes com câncer de mama metastático ERBB2-positivo em tratamento com T-DXd, os achados sugerem que o monitoramento eletrônico de sintomas e sinais vitais pode ajudar a manter a qualidade de vida ou prevenir sua deterioração. “Embora os desfechos de sobrevida não tenham sido afetados, essa estratégia de monitoramento tem potencial para aprimorar o cuidado centrado no paciente.
“O PRO-DUCE é o primeiro estudo randomizado a demonstrar que o monitoramento remoto estruturado — incluindo sintomas relatados pelo paciente e dados fisiológicos — pode trazer benefícios mensuráveis em qualidade de vida para pacientes com câncer de mama metastático ERBB2-positivo em uso de T-DXd. Os achados podem influenciar protocolos de acompanhamento e gestão de toxicidades em um cenário terapêutico cada vez mais complexo”, concluem os pesquisadores.
Referência:
Kikawa Y, Uemura Y, Taira T, et al. Electronic Patient-Reported Outcomes With Vital Sign Monitoring During Trastuzumab Deruxtecan Therapy: The PRO-DUCE Randomized Clinical Trial. JAMA Netw Open. 2025;8(8):e2527403. doi:10.1001/jamanetworkopen.2025.27403
