Estudo publicado no Journal of Cancer Survivorship revela que os sobreviventes de câncer gastrointestinal enfrentam uma carga significativamente maior de limitações funcionais, influenciadas por fatores demográficos e socioeconômicos. “O número de sobreviventes de câncer gastrointestinal aumentou substancialmente devido a melhorias na detecção precoce e tratamento, porém os desfechos funcionais a longo prazo dos pacientes permanecem mal caracterizados”, observam os autores.
Nesse estudo, os pesquisadores buscaram quantificar a carga de limitações de atividade (LA) e limitações funcionais (LF) entre sobreviventes de câncer gastrointestinal em comparação com sobreviventes de câncer não GI e a população geral dos Estados Unidos, bem como identificar os principais preditores de limitações relacionadas ao câncer.
A Pesquisa Nacional de Entrevistas de Saúde (NHIS), um conjunto de dados nacionalmente representativo (1997-2023), foi consultada para examinar a prevalência e as tendências de limitações relacionadas ao câncer entre sobreviventes de câncer GI, sobreviventes de câncer não GI e a população geral dos EUA. Análises de regressão logística multivariável identificaram preditores independentes de limitações de atividade e limitações funcionais, ajustando para variáveis demográficas e socioeconômicas.
Entre 5.513 sobreviventes de câncer gastrointestinal e 39.887 de câncer não gastrointestinal, 50,2% (Risco Relativo [RR]: 1,23, IC 95%: 1,19-1,27) e 70,7% (RR: 1,07, IC 95%: 1,05-1,09) dos sobreviventes de câncer gastrointestinal relataram limitações de atividade e limitações funcionais, respectivamente, em comparação com os sobreviventes de câncer não gastrointestinal. A população geral dos EUA apresentou uma prevalência significativamente menor de limitações de atividade (13,5%; RR: 0,33, IC 95%: 0,33-0,34) e limitações funcionais (35,7%; RR: 0,54, IC 95%: 0,53-0,54).
Os sobreviventes de câncer gastrointestinal eram mais velhos (idade média: 69,1 vs. 65,3 vs. 36,1 anos), mais frequentemente solteiros (8,8% vs. 8,6% vs. 28,3%) e recebiam mais seguro saúde público (75,1% vs. 68,9% vs. 27,4%) em comparação com os sobreviventes de câncer não gastrointestinal e a população em geral (p < 0,05). Na análise multivariável, os sobreviventes de câncer gastrointestinal apresentaram probabilidade 21% maior de apresentarem doença arterial coronariana (OR: 1,21, IC 95%: 1,11-1,32, p < 0,001) e probabilidade 11% maior de apresentarem doença arterial coronariana (OR: 1,11, IC 95%: 1,00-1,19, p = 0,049).
Em síntese, os sobreviventes de câncer gastrointestinal enfrentam uma carga significativamente maior de limitações funcionais, influenciadas por fatores demográficos e socioeconômicos. “Abordar as disparidades funcionais por meio de reabilitação direcionada e serviços de apoio pode melhorar os resultados a longo prazo”, avaliam os pesquisadores.