Estudo publicado no periódico ESMO Gastrointestinal Oncology examinou a correlação da composição e do perfil funcional do microbioma tumoral esofágico com vazamentos anastomóticos. “Nossos resultados podem fornecer pistas sobre como evitar os vazamentos anastomóticos, considerando o microbioma pessoal do paciente ao fornecer cuidados perioperatórios”, destacam os autores.
Apesar da melhoria contínua na sobrevida em longo prazo após esofagectomia, ainda ocorrem potenciais complicações pós-operatórias graves, como vazamentos anastomóticos. Diversos fatores de risco para essa complicação foram propostos, incluindo fatores ambientais.
Nesse estudo, foram coletados espécimes cirúrgicos de tumores esofágicos e tecidos normais adjacentes de pacientes consecutivos submetidos à esofagectomia. Amostras de tecido fixadas em formalina e embebidas em parafina (FFPE) foram processadas utilizando sequenciamento de amplicon de múltiplos fragmentos de DNA ribossômico 16S para caracterizar a composição do microbioma bacteriano. O microbioma tumoral e do tecido normal e o perfil funcional bacteriano foram analisados com base no desfecho clínico dos vazamentos anastomóticos.
Dos 60 pacientes que preencheram os critérios de inclusão, 52 (86,7%) pacientes apresentaram amostras de FFPE de tecido adjacente normal (NAT) e tumoral (T) incluídas com DNA bacteriano suficiente extraído para análise. Um total de 28% dos participantes apresentava vazamentos anastomóticos esofágicos.
Testes de proporção [P < 0,05, taxa de falsa descoberta (FDR) < 0,25] revelaram unidades taxonômicas operacionais (UTOs) significativamente presentes em amostras de tecido tumoral em comparação às amostras de tecido adjacente, bem como UTOs significativamente presentes em pacientes com vazamento anastomótico em comparação a pacientes sem a complicação.
“Identificamos bactérias com maior prevalência no tecido tumoral esofágico em comparação com o tecido adjacente. Unidades taxonômicas operacionais bacterianas específicas estão significativamente associadas à incidência de vazamento anastomótico pós-esofagectomia”, destacam os autores. “Nossos resultados podem fornecer pistas potenciais sobre como evitar os vazamentos anastomóticos, considerando o microbioma pessoal do paciente ao fornecer cuidados perioperatórios”, concluem.
Referência:
Esophageal microbiome correlates with post-esophagectomy anastomotic leak in cancer patients. Naddaf, R. et al. ESMO Gastrointestinal Oncology, Volume 8, 100172