Sancho Pedro Xavier (foto), atualmente vinculado à Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), é primeiro autor de estudo que embasou o desenvolvimento de um nomograma para prever o prognóstico a longo prazo de pacientes com câncer cervical. Os resultados estão na BMC Cancer (Nature) e mostram que o nomograma demonstrou boa concordância com as taxas de sobrevida, como ferramenta útil para orientar intervenções personalizadas.
O câncer cervical é o terceiro câncer mais comum entre mulheres em todo o mundo e a segunda neoplasia mais prevalente no estado do Mato Grosso em 2020. Neste estudo, o objetivo dos pesquisadores foi analisar a sobrevida global (SG), identificar fatores prognósticos e desenvolver um nomograma para prever o prognóstico a longo prazo de pacientes com câncer cervical, utilizando dados populacionais do Mato Grosso.
Xavier e colegas utilizaram dados integrados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP) de pacientes diagnosticadas com câncer cervical entre 2001 e 2018. As diferenças entre os grupos foram analisadas pelo teste Log-rank, e a análise de sobrevida foi realizada pelo método de Kaplan-Meier. Modelos de regressão de Cox foram aplicados para identificar preditores de SG. O nomograma foi desenvolvido para prever a SG em 1, 3, 5 e 10 anos. A acurácia do modelo foi avaliada utilizando o índice C, a curva ROC (Receiver Operating Characteristic) e gráficos de calibração.
Os resultados de Xavier et al. mostram que o tempo mediano de acompanhamento foi de 12 anos (variação: 6,28 a 17,1). As taxas de sobrevida global em 1, 3, 5 e 10 anos foram de 95,4%, 91,3%, 89,9% e 88,3%, respectivamente. Os autores descrevem que idade, tipo histológico e estágio da doença foram identificados como fatores prognósticos independentes para sobrevida global. O índice C para sobrevida global foi de 0,869, e as áreas sob a curva ROC para 1, 3, 5 e 10 anos foram de 0,910, 0,897, 0,895 e 0,884, respectivamente, indicando boa discriminação. O nomograma demonstrou boa concordância com as taxas de sobrevida observadas.
“O nomograma desenvolvido prevê a sobrevida global para pacientes com câncer cervical em 1, 3, 5 e 10 anos, mostrando boa concordância com as taxas de sobrevida observadas e servindo como ferramenta útil para orientar intervenções personalizadas”, concluem os autores, acrescentando que o estadiamento da doença e o tipo histopatológico foram os fatores prognósticos mais significativos para sobrevida global.
O estudo foi realizado durante o período em que o pesquisador Sancho Xavier era afiliado à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e conta com a participação de Noemi Dreyer Galvão, Marco Aurélio Bertúlio das Neves, Kátia Moreira da Silva, Adila de Queiroz Neves Almeida e Ageo Mario Cândido da Silva, todos pesquisadores da UFMT.
Referência:
Xavier, S.P., Galvão, N.D., das Neves, M.A.B. et al. Nomogram model for predicting the long-term prognosis of cervical cancer patients: a population-based study in Mato Grosso, Brazil. BMC Cancer 25, 684 (2025). https://doi.org/10.1186/s12885-025-14056-5