Estudo com participação dos brasileiros Gustavo Werutsky e Maria Alice Franzoi (foto) corrobora evidências do papel da salpingo-ooforectomia e da mastectomia redutora de risco em portadoras de variantes patogênicas BRCA, reafirmando a importância do aconselhamento personalizado sobre estratégias de gerenciamento de risco de câncer nessa população de alto risco.
Neste estudo de coorte internacional de base hospitalar (BRCA BCY Collaboration; NCT03673306), conduzido em 109 centros em cinco continentes, foram inscritas mulheres portadoras de variantes patogênicas ou provavelmente patogênicas BRCA1, BRCA2 da linha germinativa ou ambas, com câncer de mama invasivo em estágio I-III em idade precoce (≤ 40 anos), diagnosticadas entre 1º de janeiro de 2000 e 31 de dezembro de 2020. O objetivo primário foi determinar a associação entre mastectomia redutora de risco (MRR) ou salpingo-ooforectomia redutora de risco (SORR) e sobrevida global em jovens portadoras de BRCA com câncer de mama.
Os resultados foram relatados por Blondeaux et al. no Lancet Oncology. Entre 1º de janeiro de 2000 e 31 de dezembro de 2020, foram incluídas 5.290 pacientes, das quais 3.361 (63,5%) eram portadoras da variante patogênica do BRCA1, 2.708 (51,2%) tinham câncer de mama com linfonodos negativos e 2.421 (45,8%) com receptor hormonal positivo. Das 5.290 pacientes, 2.910 (55,0%) foram submetidas à MRR e 2.782 (52,6%) realizaram SORR.
Em um seguimento médio de 8,2 anos (IQR 4,7–12,8), os autores descrevem que a MRR foi associada a sobrevida global significativamente melhor em comparação com nenhuma MRR (HR ajustada [aHR] 0,65, IC 95% 0,53–0,78; tempo médio de sobrevida global restrito de 20 anos 17,89 anos [IC 95% 17,61–18,17] com MRR vs 16,65 anos [16,38–16,92] sem MRR). A SORR também foi associada à sobrevida global significativamente melhor em comparação com a ausência de SORR (HRa 0,58, IC 95% 0,48–0,71; tempo médio de sobrevida global restrito em 20 anos 17,73 anos [IC 95% 17,43–18,03] com RRSO vs 16,67 anos [16,38–16,96] sem SORR).
“Nesta coorte global de portadoras de BRCA com diagnóstico prévio de câncer de mama em idade jovem, a MRR e a SORR foram associadas a melhora significativa na sobrevida global. Esses achados fornecem evidências para um aconselhamento personalizado de uma população única e de alto risco de pacientes sobre estratégias de gerenciamento de risco de câncer”, concluem os autores.
Referência:
Association between risk-reducing surgeries and survival in young BRCA carriers with breast cancer: an international cohort study. Blondeaux, Eva et al. The Lancet Oncology,
