Onconews - Pesquisa compara ferramentas para o rastreamento de sarcopenia no câncer de mama

Vanusa Felício de Souza Mamede (foto), pesquisadora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), é primeira autora de estudo publicado na BMC Cancer que compara três ferramentas para rastrear o risco de sarcopenia em mulheres com câncer de mama. Valdete Regina Guandalini (na foto, à direita), professora e doutora vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde (PPGNS) da UFES, é a orientadora do trabalho.

A sarcopenia é caracterizada pela perda de força e massa muscular e está associada a desfechos clínicos mais desfavoráveis ​​em mulheres com câncer de mama. Neste estudo, observacional, os pesquisadores compararam o desempenho do SARC-F, SARC-CalF e SARC-CalF ajustado pelo IMC como ferramentas de triagem para o risco de sarcopenia em mulheres com câncer de mama.

Foram incluídas no estudo mulheres com câncer de mama diagnosticado nos últimos 12 meses. O risco de sarcopenia foi identificado pelo SARC-F, SARC-CalF e SARC-CalF ajustado pelo IMC. Conforme proposto pelo EWGSOP2, sarcopenia foi definida como baixa força muscular (força de preensão: < 23,0 kg) e índice de massa muscular esquelética apendicular < 6,38 kg/m² (determinado por absorciometria de raios X de dupla energia). O desempenho dos instrumentos de triagem foi avaliado pelo cálculo de especificidade, sensibilidade, valores preditivos positivos e negativos e área sob a curva ROC (AUC). Os valores de AUC foram comparados pelo teste de DeLong.

A base de análise incluiu 168 mulheres com idade média de 54,8 ± 11,3 anos. A prevalência do risco de sarcopenia variou de 10,1 a 36,6%, dependendo do instrumento de triagem utilizado. A prevalência de sarcopenia foi de 8,3%. Utilizando a presença de sarcopenia como referência, Mamede e colegas descrevem que o SARC-F apresentou AUC de 0,550 [(0,396–0,703) p = 0,54], sensibilidade de 21,4% e especificidade de 85,7%; o SARC-CalF apresentou AUC de 0,790 [(0,654–0,927) p < 0,001], sensibilidade de 42,8% e especificidade de 92,2%; o SARC-CalF ajustado pelo IMC apresentou AUC de 0,521 [(0,385–0,658) p = 0,08], sensibilidade de 28,6% e especificidade de 63,0%.

Desenvolvida no Brasil como uma adaptação do SARC-F, em que foi incorporado a medida do perímetro da panturrilha, a ferramenta SARC-CalF foi a que demonstrou acurácia superior em relação ao SARC-F e ao SARC-CalF ajustado pelo IMC. “Em nosso estudo, SARC-CalF apresentou AUC significativa e foi mais adequado para rastrear o risco de sarcopenia, conforme confirmado pelo teste de DeLong. No entanto, a sensibilidade foi baixa, o que precisa ser considerado ao administrar esta ferramenta a mulheres com câncer de mama”, analisam.

Com base nos resultados atuais, os autores recomendam reconsiderar o uso de qualquer um desses instrumentos como opção de triagem para risco de sarcopenia em mulheres com câncer de mama.

Além de Vanusa Felicio de Souza Mamede, o trabalho tem a participação de Rayne de Almeida Marques Bernabé, Thalita Gonçalves Santos, Larissa Leopoldino da Silva, Mariana de Souza Vieira, José Luiz Marques-Rocha e Valdete Regina Guandalini, que assina como autora correspondente, todos pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória, ES.

Referência:

de Souza Mamede, V.F., Bernabé, R.d.M., Santos, T.G. et al. Risk of sarcopenia in women with breast cancer: a comparative analysis of screening tools. BMC Cancer 25, 839 (2025). https://doi.org/10.1186/s12885-025-14062-7