Onconews - Perspectivas de sobreviventes sobre a ototoxicidade induzida por cisplatina e barreiras ao seu monitoramento

Estudo publicado no Journal of Cancer Survivorship buscou identificar os domínios da qualidade de vida afetados pela ototoxicidade relacionada ao tratamento e quais as barreiras ao seu monitoramento entre sobreviventes de câncer de cabeça e pescoço. “Nosso objetivo é subsidiar intervenções centradas no paciente que reduzam a ototoxicidade não diagnosticada e não tratada entre sobreviventes”, afirmam os autores.

A quimiorradioterapia (QRT) à base de cisplatina causa ototoxicidade em sobreviventes de câncer de cabeça e pescoço (CCP), mas as taxas de acompanhamento audiológico são baixas.

Esse estudo qualitativo utilizando grupos focais semiestruturados foi conduzido entre março de 2023 a setembro de 2023 com sobreviventes de câncer de câncer de cabeça e pescoço tratados com QRT à base de cisplatina em um único centro de atendimento terciário. A análise temática indutiva foi utilizada para identificar temas relacionados ao efeito da ototoxicidade na qualidade de vida e barreiras ao monitoramento da ototoxicidade.

Sete grupos focais, com 1 a 4 participantes, foram conduzidos com 18 participantes no total (idade mediana = 58 anos (faixa etária de 45 a 67 anos); 13 (72%) homens; 16 (89%) brancos). Os temas relacionados à ototoxicidade e seus efeitos na qualidade de vida incluíram (1) isolamento social, (2) sofrimento emocional, (3) comportamentos adaptativos e (4) o impacto contexto-dependente.

Os temas relacionados às barreiras ao monitoramento da ototoxicidade incluíram (5) encaminhamento inconsistente para audiologia; (6) falta de educação do paciente; (7) fatores socioeconômicos; e (8) hesitação em relação ao uso de aparelhos auditivos.

Os resultados revelam que a ototoxicidade relacionada ao tratamento tem implicações a longo prazo para uma pior qualidade de vida na sobrevivência ao câncer de cabeça e pescoço. No entanto, o impacto negativo da ototoxicidade muda ao longo do tempo e depende de múltiplos fatores relacionados ao paciente.

“Programas de monitoramento podem buscar desenvolver protocolos para rastrear rotineiramente sobreviventes de câncer de cabeça e pescoço para ototoxicidade e fornecer encaminhamentos e material educativo para o paciente a fim de aprimorar o acompanhamento audiológico. Tais protocolos podem diminuir as taxas de perda auditiva não diagnosticada e não tratada nessa população de pacientes”, destacam os autores.

Referência:

Lee, D.S., Mueller, L., Wong, S.K. et al. Survivors’ perspectives on cisplatin-induced ototoxicity and barriers to ototoxicity monitoring. J Cancer Surviv (2025). https://doi.org/10.1007/s11764-025-01860-y