Marianna de Camargo Cancela (foto), do Instituto Nacional de Câncer (INCA), é coautora de estudo que estima o valor das perdas de produtividade remuneradas e não remuneradas por mortalidade prematura em 2022, considerando todos os tipos de câncer no mundo. Os resultados estão no Journal of the National Cancer Institute e indicam perdas da ordem US$ 566 bilhões, o equivalente a 0,6% do produto interno bruto global, destacando o significativo impacto social do câncer.
O câncer está entre as causas mais importantes de mortes prematuras em todo o mundo. Neste estudo, os pesquisadores consideraram dados de mortalidade por câncer para 36 tipos de câncer entre pessoas em idade produtiva (15-64 anos) em 185 países, para o ano de 2022. As perdas de produtividade remuneradas foram estimadas usando a abordagem do capital humano, enquanto as atividades não remuneradas foram avaliadas usando a abordagem do custo de oportunidade. A produtividade perdida foi estimada usando salários, estatísticas da força de trabalho e tempo gasto em atividades não remuneradas de diversas fontes. Todas as análises foram realizadas por sexo e faixa etária para cada país.
Os resultados revelam que as perdas de produtividade por mortalidade prematura por câncer foram estimadas em US$ 566 bilhões em 2022, equivalente a 0,6% do produto interno bruto global. Do valor total, os autores descrevem que 53,9% (US$ 305 bilhões) foram atribuíveis a perdas de produtividade remuneradas e 46,1% (US$ 260 bilhões) a perdas de produtividade não remuneradas. As perdas de produtividade remuneradas foram geralmente maiores entre os homens, enquanto as perdas de produtividade não remuneradas foram maiores entre as mulheres, com variações entre as regiões do mundo.
A análise mostra, ainda, que o valor total da produtividade perdida foi maior para o câncer de pulmão, seguido pelos cânceres de mama e de fígado. Perdas por produtividade foram maiores para câncer testicular, melanoma cutâneo, câncer cerebral e do sistema nervoso.
“O valor substancial das perdas de produtividade decorrentes da mortalidade prematura por câncer destaca seu significativo impacto social. Investimentos contínuos em esforços globais de controle do câncer, incluindo cânceres menos comuns, gerarão retornos substanciais sobre o investimento para as economias nacionais, especialmente em países em transição”, concluem os autores.
Referência:
Yek-Ching Kong, Jean Niyigaba, Phuong Bich Tran, Jerome Vignat, Freddie Bray, Cindy L Gauvreau, Paul Hanly, Alison Pearce, Marianna de Camargo Cancela, Marta Ortega-Ortega, Nirmala Bhoo-Pathy, André Ilbawi, Filip Meheus, Isabelle Soerjomataram, Global paid and unpaid productivity losses due to cancer-related mortality, JNCI: Journal of the National Cancer Institute, 2025;, djaf193, https://doi.org/10.1093/jnci/djaf193
