Revisão de escopo realizada pela Sociedade Internacional de Oncologia Geriátrica (SIOG) revela que a oncologia geriátrica é pouco representada nas diretrizes europeias sobre câncer, com disparidades regionais significativas. “As diretrizes frequentemente carecem de detalhes suficientes devido a ensaios clínicos randomizados que não geram evidências para essa população”, observam os autores em artigo publicado no ESMO Open.
A implementação de políticas nacionais de tratamento do câncer é frequentemente moldada por diretrizes médicas. Essas diretrizes frequentemente carecem de detalhes que abordem as complexas necessidades de cuidado de grupos vulneráveis, como idosos, prejudicando o impacto potencial dessas políticas.
Neste estudo, pesquisadores da SIOG buscaram fornecer uma visão geral da representação de idosos nas diretrizes europeias de tratamento do câncer para identificar áreas de melhoria.
Os autores conduziram uma revisão de escopo utilizando a estrutura de Arksey e O'Malley e a extensão de Levac et al. A estratégia de busca foi realizada considerando as cinco neoplasias primárias mais prevalentes (próstata, mama, colorretal, pulmão e bexiga) em 29 países (Estados-Membros da União Europeia, Suíça e Reino Unido). Os dados foram extraídos por um especialista nacional e pelo menos um outro revisor.
No total, foram analisados 187 relatórios de diretrizes de 31 jurisdições, abrangendo cuidados gerais com câncer e neoplasias primárias selecionadas. Os resultados indicam que a representação de idosos variou de acordo com o tipo de câncer e a região. Diretrizes dedicadas a idosos eram incomuns, com apenas algumas jurisdições, como França e Espanha, fornecendo recomendações específicas por idade para determinadas neoplasias. Embora algumas diretrizes nacionais abordassem pacientes idosos, esse foco era inconsistente tanto entre os diferentes tipos de câncer quanto dentro das diretrizes do mesmo país.
Em síntese, o trabalho mostra que existe uma representação limitada da oncologia geriátrica nas diretrizes europeias sobre câncer, ressaltando a necessidade aprimorar o desenvolvimento de diretrizes representativas, que considerem as necessidades específicas dessa população. “Uma maior inclusão de geriatras e a expansão da expertise em oncologia geriátrica são cruciais para melhorar os resultados do tratamento. Nossas sugestões incluem orientações adicionais sobre a implementação da avaliação geriátrica abrangente e o tratamento consequente em cenários neoadjuvantes, adjuvantes e metastáticos”, afirmam os autores.
Referência:
Representation of geriatric oncology in cancer care guidelines in Europe: a scoping review by the International Society of Geriatric Oncology (SIOG). Pinker, I. et al. ESMO Open, Volume 10, Issue 5, 105052