A adição de irradiação linfonodal regional adjuvante não diminuiu o risco de recorrência de câncer de mama invasivo ou morte por câncer de mama em pacientes com linfonodos axilares negativos após quimioterapia neoadjuvante. Os resultados estão em artigo de Eleftherios Mamounas e colegas publicado na New England Journal of Medicine (NEJM).
“O benefício da irradiação de linfonodos regionais no tratamento do câncer de mama está bem estabelecido para pacientes com linfonodos axilares patologicamente positivos, mas ainda não está claro seu benefício para pacientes cujos linfonodos se tornam patologicamente livres de tumor (ypN0) após quimioterapia neoadjuvante”, contextualizam os autores.
Nesse estudo, os pesquisadores avaliaram se a irradiação de linfonodos regionais melhora os desfechos em pacientes com câncer de mama com linfonodos positivos comprovados por biópsia que atingem o status ypN0 após quimioterapia neoadjuvante.
Pacientes com câncer de mama em estadiamento clínico T1 a T3 (tamanho do tumor ≤2 cm a >5 cm), N1 e M0 (indicando disseminação para linfonodos axilares móveis, ipsilaterais, de nível I e II, mas sem metástase à distância) que apresentaram status ypN0 após quimioterapia neoadjuvante foram randomizados para receber ou não irradiação de linfonodos regionais.
O endpoint primário foi o intervalo livre de recorrência do câncer de mama invasivo ou morte por câncer de mama (intervalo livre de recorrência do câncer de mama invasivo). Os endpoints secundários incluíram o intervalo livre de recorrência locorregional, o intervalo livre de recorrência à distância, a sobrevida livre de doença e a sobrevida global. A segurança também foi avaliada.
Um total de 1.641 pacientes foram incluídos no estudo; 1.556 na análise de eventos primários: 772 no grupo de irradiação e 784 no grupo sem irradiação. Após um acompanhamento mediano de 59,5 meses, ocorreram 109 eventos de endpoint primário (50 no grupo de irradiação e 59 no grupo sem irradiação).
A irradiação linfonodal regional não aumentou significativamente o intervalo livre de recorrência do câncer de mama invasivo (hazard ratio, 0,88; intervalo de confiança de 95%, 0,60 a 1,28; P = 0,51). As estimativas pontuais de sobrevida livre de eventos do desfecho primário foram de 92,7% no grupo irradiação e 91,8% no grupo sem irradiação.
A irradiação linfonodal regional não aumentou o intervalo livre de recorrência locorregional, o intervalo livre de recorrência à distância, a sobrevida livre de doença ou a sobrevida global. Não foram relatados óbitos relacionados à terapia especificada pelo protocolo e nenhum evento adverso inesperado foi observado.
Eventos adversos de grau 4 ocorreram em 0,5% das pacientes no grupo irradiação e em 0,1% das pacientes no grupo sem irradiação.
Em síntese, a adição de irradiação linfonodal regional adjuvante não diminuiu o risco de recorrência de câncer de mama invasivo ou morte por câncer de mama em pacientes com linfonodos axilares negativos após quimioterapia neoadjuvante.
O estudo foi financiado pelo National Institutes of Health; NSABP B-51–Radiation Therapy Oncology Group 1304 e está registrado em ClinicalTrials-Gov, NCT01872975.
Referência:
Mamounas EP, Bandos H, White JR, Julian TB, Khan AJ, Shaitelman SF, Torres MA, Vicini FA, Ganz PA, McCloskey SA, Lucas PC, Gupta N, Li XA, McCormick B, Smith B, Tendulkar RD, Kavadi VS, Matsumoto K, Seaward SA, Irvin WJ Jr, Lin JY, Mutter RW, Muanza TM, Stromberg J, Jagsi R, Weiss AC, Curran WJ Jr, Wolmark N. Omitting Regional Nodal Irradiation after Response to Neoadjuvant Chemotherapy. N Engl J Med. 2025 Jun 5;392(21):2113-2124. doi: 10.1056/NEJMoa2414859. PMID: 40466065.