Onconews - Fumo passivo no câncer de pulmão afeta risco de recorrência e sobrevida

Editorial de Ali et al. publicado na Lung Cancer defende a avaliação rotineira e padronizada da exposição ao fumo passivo, que embora seja fator de risco significativo para câncer de pulmão, podendo influenciar a sobrevida a longo prazo e o risco de recorrência, ainda permanece subquantificado.

O câncer de pulmão é a malignidade mais diagnosticada no mundo, com incidência estimada de 12,4% do total de casos de câncer em 2022, o que equivale a aproximadamente 2,5 milhões de novos casos no período. Além disso, lidera a lista de mortes específicas por câncer, responsável por cerca de 18,7% de todas as mortes por câncer.

O tabagismo é, sem dúvida, fator de risco amplamente estabelecido para câncer de pulmão e evidências indicam que cerca de 80% dos casos são atribuídos à exposição ativa ao tabagismo. No entanto, parcela importante também é observada em não tabagistas, expostos passivamente ao tabaco. “Curiosamente, casos de câncer de pulmão também foram observados entre aqueles que nunca fumaram (<100 cigarros na vida), representando aproximadamente 15% a 25% de todos os casos de câncer de pulmão no mundo”, destacam os autores.

O estudo Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors (GBD) de 2019 estimou que 1,3 milhão de mortes foram globalmente atribuíveis ao fumo passivo em 2019, com a maior carga concentrada em países de baixa e média renda. Esses padrões tornaram o fumo passivo uma prioridade para os esforços de controle do tabaco, especialmente após a adoção da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da Organização Mundial da Saúde, um tratado global para implementar medidas baseadas em evidências para reduzir o tabagismo ativo e passivo.

Neste editorial, Ali et al. lembram que, entre os vários fatores etiológicos relatados em estudos de pesquisa epidemiológica, o fumo passivo é um fator de risco significativo, porém inadequadamente abordado. Mais importante ainda, o panorama da exposição ao fumo passivo entre sobreviventes de câncer de pulmão com antigo status de fumante é inexistente.

Referência:

Second-hand smoke and survival in former smokers with lung cancer: time to act. Ali, Akbar Shoukat et al. Lung Cancer, Volume 0, Issue 0, 108713. https://doi.org/10.1016/j.lungcan.2025.108713