O estudo POSITIVE demonstrou que pacientes com câncer de mama podem suspender com segurança a terapia endócrina adjuvante (TE) para tentar engravidar. Embora 74% das pacientes tenham concebido, algumas utilizando oócitos ou embriões criopreservados, análise apresentada no ESMO Breast 2025 mostra que quase 50% das participantes do estudo POSITIVE apresentavam baixa reserva ovariana, que foi associada a menores taxas de gravidez futura, principalmente em pacientes que utilizaram tecnologias de reprodução assistida.
Neste estudo (NCT02308085), os pesquisadores avaliaram a prevalência de insuficiência ovariana prematura (IOP) e de baixa reserva ovariana (LOR), assim como avaliaram fatores hormonais associados à gravidez em participantes do estudo POSITIVE. A LOR foi definida como hormônio antimülleriano (HAM) < 0,5 ng/mL no 3º mês (no 12º mês se indisponível), IOP como hormônio folículo estimulante (FSH) > 25 UI/L no 12º mês e estado ovulatório como progesterona > 3 ng/mL durante a fase lútea no 6º mês. O hormônio estimulante da tireoide e a prolactina foram medidos no 3º mês. Pacientes grávidas em cada momento foram excluídas da análise.
Das 518 mulheres incluídas no estudo POSITIVE, 438 e 142 pacientes foram elegíveis para a análise de LOR e IOP, respectivamente. Os resultados mostram que a baixa reserva ovariana foi observada em 47,7% (veja tabela abaixo) e foi associada a menores taxas de gravidez (65,5% vs. 78,2% em pacientes sem LOR; OR: 0,52; IC 95%: 0,31-0,87), particularmente em pacientes em uso de tecnologias de reprodução assistida (TRA) (65,6 vs. 84,7%; OR: 0,31; IC 95%: 0,14 a 0,68). Níveis elevados de FSH no mês 3 reduziram modestamente as chances de gravidez (OR: 0,96; IC 95%: 0,93 a 1,00). Outros fatores não foram preditivos. Apenas 10,6% apresentaram insuficiência ovariana prematura no mês 12, 16,7% entre aquelas em quimioterapia.
Em conclusão, os autores destacam que quase metade das mulheres apresentou baixa reserva ovariana, o que foi associado a menores taxas de gravidez futura em pacientes em uso de tecnologias de reprodução assistida. “Esses achados destacam a importância de incluir o perfil hormonal no aconselhamento individualizado de fertilidade para pacientes com câncer de mama que interrompem a TE para engravidar”, analisam.
Prevalence of LOR at month 3 and POI at month 12 in non-pregnant patients
LOR | POI | |||
N | Number (%) | N | Number (%) | |
Eligible patients | 438 | 209 (47.7) | 142 | 15 (10.6) |
Age at enrollment (years) | ||||
<35 | 142 | 50 (35.2) | 40 | 1 (2.5) |
35-39 | 192 | 96 (50.0) | 58 | 7 (12.1) |
40-42 | 104 | 63 (60.6) | 44 | 7 (15.9) |
Prior chemo | ||||
No | 165 | 38 (23.0) | 52 | 0 (0.0) |
Yes | 273 | 171 (62.6) | 90 | 15 (16.7) |
Prior ET | ||||
OFS +/- AI | 72 | 34 (47.2) | 26 | 4 (15.4) |
SERM only | 174 | 78 (44.8) | 47 | 5 (10.6) |
Other | 192 | 97 (50.5) | 69 | 6 (8.7) |
Referência:
415O - Predictive factors of fertility in patients with breast cancer interrupting adjuvant endocrine therapy to attempt pregnancy in the POSITIVE trial
Apresentação: Fedro A. Peccatori (Milan, Italy)