A inibição dupla de CTLA-4 (tremelimumabe) e PD-L1 (durvalumabe) é ativa em pacientes com câncer de mama avançado HER2-positivo com PD-L1 positivo ou TILs altos, resistente ao tratamento com trastuzumabe. É o que demonstram os resultados do estudo BCT1703 DIAmOND, apresentados em sessão mini-oral no ESMO Breast 2025 por Sherene Loi (foto), oncologista do Peter MacCallum Cancer Centre, em Melbourne, Austrália.
Este estudo de fase II, multicêntrico e de braço único incluiu pacientes com câncer de mama avançado HER2-positivo após ≥1 linha de terapia baseada em trastuzumabe. As coortes 1 (C1, receptor de estrogênio (RE) positivo (≥1%)) e 2 (C2, RE negativo (<1%)) receberam tremelimumabe (treme) 75 mg com durvalumabe (D) 1500 mg a cada 4 semanas e trastuzumabe (T) 2 mg/kg a cada 1 semana por 12 semanas, com D 1120 mg e T 6 mg/kg a cada 3 semanas. A coorte 3 (C3), não selecionada para o status de receptor de estrogênio, recebeu uma dose única de tremelimumabe 300 mg com durvalumabe 1120 mg e trastuzumabe 6 mg/kg a cada 3 semanas. Pacientes receptor de estrogênio positivo receberam terapia endócrina concomitante.
O endpoint primário (C1/C2) foi a sobrevida livre de progressão (SLP) em 12 meses e a taxa de resposta objetiva (TRO) pelo RECIST (C3). Os endpoints secundários incluíram taxa de resposta objetiva (C1/C2), SLP em 12 meses (C3), segurança, taxa de benefício clínico (resposta completa, resposta parcial e progressão de doença ≥24 semanas; taxa de benefício clínico - CBR) e duração da resposta (DOR). Foram realizadas análises exploratórias de TILs e PD-L1.
De 2019 a 2023, 72 pacientes foram incluídos em 11 centros australianos (mediana de idade de 56 anos, IIQ 46-61). A mediana de linhas de terapia anteriores foi de 3 (IIQ 2-5); 5,9% dos pacientes receberam T-Dxd previamente. 68 pacientes foram avaliáveis para o desfecho primário. No geral, 41% apresentaram TILs ≥5% e 21% foram positivos para PD-L1.
Os eventos adversos de grau >3 (66% C1/C2 e 53% C3) e eventos adversos de interesse especial (66% C1/C2, 68% C3) foram consistentes com toxicidade conhecida.
Em síntese, a inibição dupla de CTLA-4 e PD-L1 demonstrou atividade neste cenário de resistência a trastuzumabe. “Sinais promissores foram observados em pacientes ER-positivo e PD-L1-positivo. São necessárias investigações adicionais sobre o bloqueio duplo de checkpoint e terapias anti-HER2”, concluem os autores.
Table: 301MO
All (n=68) | C1 ER+ | C2 ER- | C3 Treme Priming | |
ORR | 16% (10/63) | 27% (6/22) | 8.7% (2/23) | 11% (2/18) |
12mo PFS | 15% | 16% | 8% | 27% |
12mo PFS iRECIST | 53% | 64% | 32% | 65% |
CBR | 34% | 40% | 28% | 33% |
DOR (mean, mo) | 19.9 | 23.6 | 11 | 30 |
RECIST 12mo PFS PD-L1+ | 27% | 67% | NE | 19% |
ORR PD-L1+ | 38% (3/8) | 100% (2/2) | 0% (0/2) | 25% (1/4) |
12mo PFS TILS ≥5% | 12% | 22% | 8% | NE |
ORR TILS ≥5% | 25% (6/24) | 63% (5/8) | 9% (1/11) | 0% (0/5) |
O estudo (ACTRN12617001325392) é financiado pelo Breast Cancer Trials e AstraZeneca.
Referência:
301MO - Primary efficacy results of tremelimumab and durvalumab in combination with trastuzumab in trastuzumab resistant advanced HER2-positive breast cancer: BCT1703 DIAmOND
Speaker: Sherene Loi (Melbourne, Australia)