Resultados de estudo de coorte com 31.888 pacientes sugerem que a expressão de ERBB2-low e sua associação com desfechos clínicos variam entre os grupos raciais e étnicos em pacientes com câncer de mama triplo-negativo. “Esse é um achado potencialmente relevante que deve ser considerado em estudos clínicos futuros”, avaliam os autores. O trabalho foi publicado no JAMA Network Open, em acesso aberto.
Disparidades raciais e étnicas na resposta patológica completa (pCR) e na sobrevida global (SG) foram relatadas em pacientes com câncer de mama triplo negativo (TNBC, da sigla em inglês). Além de fatores socioeconômicos e acesso ao tratamento, diferenças na biologia tumoral podem afetar os desfechos.
A associação da expressão de ERBB2-low com os desfechos em pacientes com TNBC foi pouco explorada, incluindo estudos que avaliaram desfechos com base em raça e etnia.
Este estudo de coorte retrospectivo utilizou o National Cancer Database, um registro nacional de tumores hospitalares, de 2010 a 2019. Os participantes incluíram pacientes adultas do sexo feminino com câncer de mama triplo negativo em estágios I a III tratadas com quimioterapia neoadjuvante seguida de cirurgia.
Tumores com escores de imunohistoquímica de 1+ ou 2+, hibridização in situ não amplificada, foram classificados como ERBB2-low; aqueles com escores de imunohistoquímica de 0, como ERBB2-zero. A análise primária foi conduzida entre 18 de setembro e 18 de outubro de 2023.
Foram avaliadas as taxas de ERBB2-low versus ERBB2-zero no câncer de mama triplo negativo por raça e etnia e resposta patológica completa e sobrevida global por raça e etnia e por status ERBB2.
No geral, foram identificados 31.888 pacientes com câncer de mama triplo negativo (idade mediana de 53 [IQR, 44-61] anos). Destes, 1.078 pacientes (3,4%) eram asiáticos; 7.642 (24,0%), negros; 2.578 (8,1%), hispânicos; 20.264 (63,5%), brancos; e 326 (1,0%), outros. Mais da metade da população do estudo (16.332 [51,2%]) apresentou expressão ERBB2-low e 15.556 (48,8%), expressão ERBB2-zero.
Pacientes com expressão ERBB2-low demonstraram taxas mais baixas de resposta patológica completa do que aqueles com expressão ERBB2-zero (4.675 [28,6%] vs. 4.787 [30,8%]; P < 0,001); a expressão ERBB2-low foi associada a menores chances de resposta patológica completa após ajuste para variáveis do paciente, socioeconômicas e tumorais (razão de chances, 0,93; IC 95%, 0,88-0,99; P = 0,01).
Quando os pacientes foram estratificados por raça e etnia, os pacientes hispânicos apresentaram taxas mais altas de expressão ERBB2-zero do que de ERBB2-low (1.391 de 2.578 [54,0%] versus 1.187 de 2.578 [46,0%]; P < 0,001); não foram observadas diferenças entre outros grupos raciais e étnicos. Pacientes hispânicos também apresentaram taxas mais altas de resposta patológica completa entre aqueles com ERBB2-low (hispânicos, 30,7%; asiáticos, 24,6%; negros, 29,5%; brancos, 27,1%) e ERBB2-zero (hispânicos, 33,2%; asiáticos, 32,1%; negros, 27,1%; brancos, 31,7%).
Pacientes asiáticos não hispânicos apresentaram a maior sobrevida global em 60 meses entre aqueles com expressão de ERBB2-zero (79%; IC de 95%, 75%-83%) e ERBB2-low (84%; IC de 95%, 80%-87%). Entre pacientes asiáticos e brancos, a expressão ERBB2-low foi associada a uma sobrevida global prolongada em comparação com a expressão ERBB2-zero (razões de risco, 0,69 [IC de 95%, 0,50-0,95] [P = 0,02] e 0,85 [IC de 95%, 0,79-0,92] [P < 0,001], respectivamente). Pacientes negros apresentaram menores taxas de resposta patológica completa e sobrevida global, independentemente do status de ERBB2.
Em síntese, neste estudo de coorte de pacientes com câncer de mama triplo negativo, a expressão ERBB2-low e sua associação com desfechos clínicos variaram entre os grupos raciais e étnicos. “Essas descobertas destacam a necessidade de mais pesquisas para entender as implicações biológicas da expressão de ERBB2-low em diversas populações de pacientes com câncer de mama triplo negativo”, concluem os pesquisadores.
Referência:
Botty van den Bruele A, Crowell K, Thomas SM, et al. ERBB2-Low Expression by Race and Ethnicity Among Patients With Triple-Negative Breast Cancer. JAMA Netw Open. 2025;8(6):e2514864. doi:10.1001/jamanetworkopen.2025.14864