O número de pessoas que vivem com histórico de diagnóstico de câncer nos Estados Unidos deverá ultrapassar 22 milhões até 2035, reforçando a necessidade contínua de atender às suas necessidades de saúde e cuidados de suporte de longo prazo. É o que revela análise realizada pela American Cancer Society e pelo National Cancer Institute. Os resultados foram publicados na Cancer, em artigo com participação da brasileira Leticia Nogueira (foto), diretora de Pesquisa em Serviços de Saúde da American Cancer Society.
O número de pessoas com histórico de câncer nos Estados Unidos continua a aumentar devido ao crescimento e ao envelhecimento da população, bem como à melhora da sobrevida por meio de avanços no diagnóstico precoce e tratamento.
Para auxiliar a comunidade de saúde pública a atender às necessidades desses sobreviventes, a American Cancer Society e o National Cancer Institute colaboram trienalmente para estimar a prevalência de câncer nos Estados Unidos, utilizando dados dos registros de câncer de Vigilância, Epidemiologia e Resultados Finais (SEER), do Centro Nacional de Estatísticas de Saúde dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças e do Departamento do Censo dos Estados Unidos. Além disso, são apresentados os padrões de tratamento do câncer a partir do Banco de Dados Nacional do Câncer, juntamente com uma breve visão geral dos efeitos colaterais relacionados ao tratamento.
Em 1º de janeiro de 2025, cerca de 18,6 milhões de pessoas viviam nos Estados Unidos com histórico de câncer, e a projeção é de que esse número ultrapasse 22 milhões até 2035.
Os três tipos de câncer mais prevalentes são próstata (3.552.460), melanoma de pele (816.580) e colorretal (729.550) entre os homens, e mama (4.305.570), corpo uterino (945.540) e tireoide (859.890) entre as mulheres. Cerca de metade (51%) dos sobreviventes foram diagnosticados nos últimos 10 anos, e quase quatro quintos (79%) tinham 60 anos ou mais.
Diferenças raciais no tratamento em 2021 foram comuns em todos os estágios da doença; por exemplo, pessoas negras com câncer de pulmão em estágio I-II tiveram menor probabilidade de se submeter à cirurgia do que pacientes brancos (47% vs. 52%). Disparidades maiores existem no câncer retal, para o qual 39% dos negros com doença em estágio I são submetidos à proctectomia ou proctocolectomia, em comparação com 64% dos brancos.
“O acesso ao tratamento e aos cuidados de suporte difere entre os grupos raciais e étnicos, influenciando os desfechos relacionados ao câncer. Essas diferenças são influenciadas por fatores sociais e do sistema de saúde, incluindo fragmentação na prestação de cuidados de saúde, coordenação inadequada dos cuidados de sobrevivência, escassez de médicos, falta de diversidade na força de trabalho, lacunas na pesquisa focada nos sobreviventes e diretrizes insuficientes baseadas em evidências para os cuidados pós-tratamento”, destaca a publicação, observando que barreiras relacionadas a custo, transporte e cobertura de seguro limitam ainda mais o acesso a cuidados de sobrevida de alta qualidade.
“Ampliar o acesso a coberturas de seguro acessíveis e de alta qualidade por meio de programas públicos e privados; identificar as melhores práticas para a prestação equitativa de cuidados oncológicos de qualidade; e implementar consistentemente diretrizes de sobrevida baseadas em evidências são essenciais para reduzir as disparidades e apoiar a saúde a longo prazo de todos os sobreviventes”, concluem os autores.
Referência:
Wagle NS, Nogueira L, Devasia TP, et al. Cancer treatment and survivorship statistics, 2025. CA Cancer J Clin. 2025; 1-33. doi:10.3322/caac.70011