Onconews - Mindfulness e Tai Chi são eficazes no controle do distress em pacientes com câncer

Muitos sobreviventes de câncer apresentam altos níveis de sofrimento e sintomas psicossociais. O mindfulness e o Tai Chi Chuan são eficazes na melhora do humor, com benefícios importantes para pacientes com câncer avançado. É o que demonstra estudo de Carlson et al publicado no Journal of Clinical Oncology, com dados do primeiro ensaio clínico a incorporar um desenho inovador para avaliar as duas intervenções.

O diagnóstico de câncer está frequentemente associado a altos níveis de sofrimento, ansiedade e depressão, além de sintomas como fadiga, dor e distúrbios do sono, que frequentemente persistem por muito tempo durante a sobrevida. Um robusto corpo de evidências e diretrizes de prática clínica corroboram a eficácia de uma série de terapias mente-corpo (TMCs), mas a maioria das evidências se baseia em ensaios clínicos randomizados que compararam TMCs com cuidados habituais, e não com controles ativos ou outras intervenções baseadas em evidências.

No estudo MATCH (Mindfulness and Tai Chi for Cancer Health), os participantes com preferência por Mindfullness ou TCQ receberam sua intervenção preferida, enquanto aqueles sem preferência foram randomizados 1:1 para qualquer uma das intervenções. Além disso, todos os participantes foram randomizados 2:1 para intervenção imediata ou controle em lista de espera. O principal desfecho foi a avaliação do transtorno de humor total (TMD, de Total mood disturbance), medida pelo Perfil de Estados de Humor (POMS), uma ferramenta amplamente utilizada em ambientes clínicos e de pesquisa para mensurar estados de humor transitórios, como Tensão/Ansiedade, Depressão/Desencorajamento, Raiva/Hostilidade, Vigor/Atividade, Fadiga/Inércia e Confusão/Perplexidade.

Os resultados relatados no JCO mostram que dos 587 pacientes inscritos, 75% eram do sexo feminino, com idade média de 60,7 anos. Dos 12 tipos de câncer, os mais prevalentes foram mama (40,7%), próstata (11,2%) e gastrointestinal (9,7%). Os autores descrevem que a maior parte dos pacientes tinha diagnósticos em estágio 0-II (50,1%), enquanto 17% apresentavam doença mais avançada.

Da população avaliada, aproximadamente dois terços tinham preferências, com 57% dos participantes optando pelo TCQ e 43% pela prática de mindfulness. Os 36% restantes foram alocados aleatoriamente. Os achados de Carlson et al mostram que a escolha de um programa específico ou a escolha de alocação aleatória não teve efeito significativo nos desfechos. Tanto a alocação aleatória combinada quanto os grupos de preferência por mindfullness e TCQ apresentaram resultados mais positivos nos escores de DTM do que suas respectivas listas de espera.

O benefício do mindfulness foi maior nas subescalas de tensão, raiva e vigor, enquanto o TCQ mostrou impacto nas dimensões de raiva, depressão e vigor. A análise mostra, ainda, que as mulheres apresentaram mais melhora do que os homens com a prática do mindfullness, e tanto os mais jovens quanto aqueles com doença mais avançada apresentaram mais melhora no TCQ do que os participantes mais velhos e com doença em estágio inicial.

“Este amplo ensaio clínico pragmático demonstrou que tanto as intervenções de mindfulness quanto as de TCQ melhoraram o humor em sobreviventes de câncer em sofrimento, independentemente de terem escolhido um programa ou serem alocados aleatoriamente”, concluem os autores.

Referência:

Linda E. Carlson et al. Mindfulness and Tai Chi for Cancer Health (MATCH) Study: Primary Outcomes of a Preference-Based Multisite Randomized Comparative Effectiveness Trial. JCO 0, JCO-24-02540. DOI:10.1200/JCO-24-02540