Onconews - Exposição ao radônio em ambientes fechados aumenta risco de câncer de pulmão

A exposição ao radônio foi classificada pela Organização Mundial de Saúde e pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA como uma das principais causas de câncer de pulmão, depois do tabagismo. Editorial publicado no Occupational & Environmental Medicine alerta para a necessidade de maior conscientização sobre a exposição ao radônio nos ambientes residencial e ocupacional, como causa potencial de câncer de pulmão em indivíduos que nunca fumaram.

Martin-Gisbert et al. revisaram diferentes evidências da exposição ao radônio como importante carcinógeno pulmonar humano, tema inicialmente de interesse de estudos ocupacionais realizados com mineradores e, posteriormente, de estudos de caso-controle de base populacional.

Atualmente, tanto a OMS, quanto a União Europeia descrevem como potencialmente aceitável o limite de 300 Bq/m³ de exposição ao radônio. No entanto, Martin-Gisbert e colegas mostram que a Comissão Internacional de Proteção Radiológica estabeleceu que uma exposição ao radônio de 300 Bq/m³ em casa equivale a 14 milisieverts (mSv) por ano, enquanto a mesma exposição no trabalho seria equivalente a 4 mSv por ano. “A exposição ao radônio é geralmente maior em casa do que no trabalho em razão da maior duração da exposição e do tempo de ocupação”, destacam os autores.

O editorial esclarece que as áreas prioritárias para radônio são definidas pelas características do substrato rochoso, rico em urânio 238, e estão frequentemente localizadas no térreo, em áreas rurais com casas unifamiliares ou em áreas montanhosas, onde há risco muito maior de os moradores serem expostos a altas concentrações de radônio, tanto em casa quanto no trabalho.

Ao considerar a dose efetiva recebida por um cidadão residente em área propensa ao radônio em diferentes cenários de exposição, em casa e no trabalho, a análise dos autores revela um cenário que merece atenção, mostrando que a combinação de altas concentrações de radônio tanto em casa quanto no trabalho pode resultar em doses efetivas anuais extraordinariamente altas.

“Em conclusão, é necessário avaliar o continuum de exposição ao radônio para aqueles que vivem e trabalham em áreas prioritárias para o radônio. Vale ressaltar que isso implica que o radônio não deve ser desconsiderado como causa potencial de câncer de pulmão em um indivíduo que nunca fumou apenas porque a concentração de radônio residencial é baixa. Qualquer medição de radônio residencial deve ser vinculada a uma medição no local de trabalho e vice-versa”, alerta a publicação, que reforça a importância de aumentar a conscientização sobre os riscos de exposição ao radônio em ambientes fechados. “Para tanto, as autoridades de saúde pública devem abordar os ambientes residenciais e ocupacionais em áreas prioritárias para o radônio, incluindo medições e ações de mitigação, para promover e proteger cidadãos e trabalhadores contra esse carcinógeno pulmonar”.

A íntegra do artigo original está disponível em acesso aberto.

Referência:

https://doi.org/10.1136/oemed-2025-110093