Estudo publicado no Journal of the National Comprehensive Cancer Network (JNCCN) revela que aproximadamente 40% dos pacientes hospitalizados com tumores neuroendócrinos não recebem consulta de cuidados paliativos no fim da vida e que existem disparidades raciais significativas.
Os tumores neuroendócrinos (TNEs) constituem um grupo diverso de doenças malignas com incidência crescente. O diagnóstico precoce é desafiador — a maioria dos pacientes apresenta doença avançada, associada a uma intensa carga de sintomas. O papel dos cuidados paliativos no manejo de TNEs é crucial, mas pouco explorado.
Nesse estudo, os pesquisadores buscaram investigar a utilização de cuidados paliativos e examinar as disparidades raciais nos cuidados no fim da vida (Eol, da sigla em inglês) entre pacientes com TNEs.
Foram analisados dados da Amostra Nacional de Pacientes Internados (NIS) de 2016 a 2020, incluindo hospitalizações envolvendo pacientes com TNEs que apresentaram mortalidade hospitalar. As taxas de consultas em cuidados paliativos, o status de não ressuscitação e as intervenções terapêuticas agressivas foram avaliadas.
A análise comparativa entre pacientes brancos e negros foi conduzida por meio de regressão logística para determinar associações com consultas de cuidados paliativos e cuidados no fim da vida.
Os resultados mostraram que entre 7.215 pacientes com TNEs, 60,7% receberam consulta de cuidados paliativos no fim da vida. A consulta de cuidados paliativos foi mais frequente em homens e pacientes com idade entre 50 e 75 anos. Foi associada a uma maior probabilidade de status de código de não ressuscitação (OR, 5,2; IC 95%, 4,7-5,8) e a uma incidência reduzida de tratamentos agressivos, como ventilação mecânica (OR, 0,47; IC 95%, 0,43-0,52) e administração de vasopressores (OR, 0,70; IC 95%, 0,60-0,82).
Pacientes negros apresentaram menor probabilidade de receber consulta de cuidados paliativos (OR ajustado, 0,70; IC 95%, 0,62-0,80) e de apresentar status de código de não ressuscitação (OR ajustado, 0,81; IC 95%, 0,71-0,92), além de maior probabilidade de serem submetidos a intervenções agressivas, como ventilação mecânica, no fim da vida (OR ajustado, 1,54; IC 95%, 1,35-1,76).
Em síntese, o estudo demonstra que aproximadamente 40% dos pacientes hospitalizados com TNEs não recebem consulta de cuidados paliativos no fim da vida e que existem disparidades raciais significativas. “Esses achados reforçam a necessidade de maior integração dos cuidados paliativos e de intervenções direcionadas para abordar as disparidades raciais no cuidado no fim da vida entre pacientes com tumores neuroendócrinos”, concluem os pesquisadores.
Referência:
Baskar, S., & Grewal, U. S. (2025). End-of-Life Care Among Patients With Neuroendocrine Tumors: Underutilization of Palliative Care and Racial Disparities. Journal of the National Comprehensive Cancer Network (published online ahead of print 2025). Retrieved Jun 30, 2025, from https://doi.org/10.6004/jnccn.2025.7024