Estudo de coorte com mais de 15 mil mulheres com câncer de endométrio em estágio inicial indica que a terapia hormonal preservadora de fertilidade pode ser uma opção segura para pacientes com menos de 40 anos. Publicada no JAMA Oncology, a análise avaliou a sobrevida de pacientes na pré-menopausa com diagnóstico de câncer de endométrio estágio I, grau 1 ou 2, tratadas com histerectomia ou terapia hormonal com preservação da fertilidade.
À medida que o número de mulheres jovens com câncer endometrial em estágio inicial aumenta, há um interesse crescente no uso de terapia à base de progesterona para permitir a preservação da fertilidade.
Nesse estudo de coorte, os pesquisadores buscaram determinar a sobrevida a longo prazo de mulheres na pré-menopausa com câncer endometrial em estágio clínico I, tratadas principalmente com terapia hormonal preservadora da fertilidade, em comparação com histerectomia.
O estudo utilizou dados do Banco de Dados Nacional de Câncer dos Estados Unidos para identificar pacientes do sexo feminino com idade entre 18 e 49 anos com câncer endometrial endometrioide em estágio clínico I, grau 1 a 2, diagnosticado entre 2004 e 2020. Também foram examinadas as tendências e os fatores associados ao uso de terapia hormonal preservadora da fertilidade.
O pareamento por escore de propensão foi utilizado para comparar a sobrevida entre pacientes tratadas principalmente com terapia hormonal preservadora da fertilidade e aquelas tratadas com histerectomia. Os dados foram analisados de novembro de 2023 a janeiro de 2024.
O tratamento primário foi definido como histerectomia ou terapia hormonal preservadora da fertilidade, com base nos dias entre o diagnóstico e a cirurgia ou terapia hormonal preservadora da fertilidade. O tempo até a mortalidade por todas as causas foi medido em meses, desde o diagnóstico do câncer até a morte ou o último acompanhamento, em intervalos de 2, 5 e 10 anos.
Foram identificadas 15.849 mulheres, incluindo 14.662 (92,5%) tratadas com histerectomia primária (idade média [IIQ] de 44 [39-47] anos) e 1.187 (7,5%) que receberam terapia hormonal primária (idade média [IIQ] de 34 [30-38] anos).
O uso de tratamento hormonal aumentou de 5,2% em 2004 para 13,8% em 2020 (P < 0,001). Após a comparação por escore de propensão, a sobrevida em 5 anos foi de 98,5% (IC 95%, 97,3%-99,2%) para histerectomia primária e 96,8% (IC 95%, 95,3%-97,8%) para terapia hormonal primária (razão de risco [HR] = 1,84; IC 95%, 1,06-3,21).
Entre as pacientes com menos de 40 anos, não houve diferença na sobrevida entre histerectomia e terapia hormonal (HR = 1,00; IC 95%, 0,50-2,00). No entanto, para pacientes com idade entre 40 e 49 anos, a terapia hormonal preservadora da fertilidade foi associada a um risco significativamente aumentado de morte (HR = 4,94; IC 95%, 1,89-12,91).
“Os resultados reforçam o papel da terapia hormonal como estratégia viável de preservação da fertilidade em mulheres jovens com câncer de endométrio em estágio inicial. No entanto, é preciso uma seleção criteriosa, especialmente em pacientes acima dos 40 anos, nas quais a abordagem conservadora pode implicar em pior prognóstico”, concluem os autores.
Referência:
Suzuki Y, Huang Y, Xu X, et al. Survival After Fertility-Preserving Hormonal Therapy vs Hysterectomy for Early-Stage Endometrial Cancer. JAMA Oncol. Published online August 28, 2025. doi:10.1001/jamaoncol.2025.2761