Estudo sueco que avaliou quase 30 mil mulheres em quase duas décadas de acompanhamento sugere associação inversa entre a capacidade antioxidante total da dieta e o risco de câncer de mama, particularmente em mulheres na pós-menopausa, achado que parece ser impulsionada pelo consumo de frutas e vegetais.
A capacidade antioxidante total da dieta (NEAC, das iniciais de Non-Enzymatic Antioxidant Capacity) tem sido associada ao menor risco de câncer de mama, mas as evidências ainda são limitadas. Neste estudo, os pesquisadores acompanharam 24.950 mulheres recrutadas para uma coorte nacional (Swedish National March Cohort), a partir de vinculações aos registros de saúde suecos de 1997 a 2016. A NEAC total foi calculada com base no questionário de frequência alimentar de 96 itens definidos na linha de base. Três medidas da NEAC dietética foram avaliadas para quantificar a associação entre a NEAC dietética e o risco de câncer de mama geral, assim como sua associação com o risco de câncer de mama na pré e pós-menopausa.
Durante acompanhamento mediano de 19,2 anos, 1.142/24.950 mulheres foram diagnosticadas com câncer de mama (136/10.826 pré-menopausa e 975/21.152 pós-menopausa). Os resultados foram relatados por Mariosa et al. na BMC Cancer e indicaram tendência na associação entre NEAC total e o risco de câncer de mama geral (quartil mais alto vs. mais baixo: HR ajustado = 0,85, IC 95% 0,69-1,04; valor de p para o teste de Wald = 0,138, valor de p para tendência = 0,048). A associação foi mais evidente para o câncer de mama pós-menopausa (HR = 0,76, IC 95% 0,60-0,96; valor de p para tendência = 0,010).
Quando os dados ausentes foram imputados, a magnitude da associação foi considerada mais fraca em termos de redução de risco e não foram observadas associações estatisticamente significativas, mas a direção das associações permaneceu consistente (geral: HR = 0,89 (0,74-1,08), valor de p para tendência = 0,091; pós-menopausa: HR = 0,84 (0,69-1,03), valor de p para tendência = 0,057).
Ao distinguir NEAC com base nas fontes alimentares, os autores descrevem que o risco de câncer de mama foi inversamente associado à NEAC de frutas e vegetais (HR = 0,79, IC 95% 0,64-0,97; valor de p para tendência = 0,019), mas não à NEAC de grãos (HR = 1,05, IC 95% 0,86-1,29; valor de p para tendência = 0,630).
“Esses resultados sugerem associação inversa entre a capacidade antioxidante total da dieta e o risco de câncer de mama, particularmente em mulheres na pós-menopausa, que parece ser impulsionada pelo consumo de frutas e vegetais. No entanto, a análise de sensibilidade nas covariáveis imputadas não confirmou totalmente nossos achados, indicando a necessidade de futuras pesquisas confirmatórias”, concluem os autores.
Referência:
Mariosa D, Ponzano M, Grotta A, Lagerros YT, Hantikainen E, Adami HO, Serafini M, Bellocco R, Ye W. Dietary non-enzymatic antioxidant capacity and risk of breast cancer: the Swedish National March Cohort. BMC Cancer. 2025 Aug 13;25(1):1310. doi: 10.1186/s12885-025-14658-z. PMID: 40797303.
