Estudo de coorte investigou os sintomas que precedem o cuidado agudo em pacientes com câncer e quantificou as diferenças na documentação dos sintomas entre subgrupos sociodemográficos e histológicos do câncer. Os resultados publicados no JAMA Network Open revelam os sintomas frequentemente observados, como dor, náusea e vômito, e destacam a necessidade de desenvolver intervenções direcionadas para melhorar o manejo desses sintomas.
Pacientes com câncer frequentemente são submetidos a cuidados agudos não planejados, com visitas ao pronto-socorro e hospitalização devido a complicações da doença ou do tratamento, o que impacta os desfechos, a qualidade de vida e os custos da saúde. “Ainda existe uma lacuna de conhecimento na compreensão dos padrões de sintomas que precedem os eventos de tratamento agudo. O processamento de linguagem natural (PLN) pode permitir maior compreensão dos sintomas e identificar diferenças entre as características do paciente e do câncer”, observam os autores.
Este estudo de coorte realizado em uma única instituição de atendimento terciário incluiu todos os atendimentos de cuidado agudo (pronto-socorro e hospitalização) para pacientes com 18 anos ou mais com diagnóstico primário de câncer entre 1º de janeiro de 2013 e 31 de dezembro de 2023.
O processamento de linguagem natural foi utilizado para identificar a documentação clínica de rotina e caracterizar os sintomas documentados nos 30 dias anteriores ao tratamento agudo. Análises de regressão logística foram utilizadas para examinar a possível associação entre sexo, idade, raça e etnia, cobertura de seguro, características histológicas do câncer e sintomas relatados.
Os resultados mostram que, no total, 28.708 pacientes com câncer tiveram 70.606 atendimentos de cuidado agudo, com 854.830 sintomas prévios documentados associados. A mediana de idade foi de 61 anos (IIQ, 48-70).
Homens (37.861 consultas [53,62%]) e pacientes de raça branca (39.989 consultas [56,64%]) foram responsáveis pela maioria dos atendimentos de cuidado agudo. Dor (7,54% dos sintomas documentados), náusea (6,74%) e vômito (5,79%) foram os sintomas mais frequentemente documentados.
Encontros de cuidados agudos com pacientes do sexo feminino (razão de chances ajustada [AOR], 1,14; IC de 95%, 1,10-1,18; P < 0,001), asiáticos (AOR, 1,22; 1,17-1,28; P < 0,001), negros (AOR, 1,17; IC de 95%, 1,10-1,25; P < 0,001), índios americanos ou nativos do Alasca (AOR, 1,21; IC de 95%, 1,01-1,44; P = 0,04) ou segurados pelo Medicaid (AOR, 1,10; IC de 95%, 1,05-1,14; P < 0,001) foram associados a uma alta carga de sintomas documentados (>10 sintomas únicos) precedendo atendimentos de cuidados agudos.
Pacientes com 65 anos ou mais (AOR, 0,96; IC 95%, 0,92-1,00; P = 0,04) ou sem seguro (AOR, 0,58; IC 95%, 0,45-0,76; P < 0,001) apresentaram menor probabilidade de apresentar alta carga de sintomas documentada antes de atendimentos de cuidados agudos.
“Os resultados deste estudo destacam sintomas comuns que precedem os cuidados agudos, bem como a necessidade de mais pesquisas sobre intervenções para reduzir a carga do paciente, melhorar a qualidade de vida e reduzir os atendimentos de cuidados agudos em pacientes com câncer”, concluem os pesquisadores.
Referência:
Chang C, Chen JJ, Feng J, et al. Patterns in Symptoms Preceding Acute Care in Patients With Cancer. JAMA Netw Open. 2025;8(4):e256366. doi:10.1001/jamanetworkopen.2025.6366