Onconews - Estudo estima risco de câncer de ovário após câncer de mama BRCA 1/2

Qual o risco de câncer de ovário em portadoras de variantes patogênicas nos genes BRCA1/2 após o diagnóstico de câncer de mama? Estudo de Apostol et al. publicado na Gynecologic Oncology estimou o risco cumulativo, com achados que contribuem para orientar as decisões sobre a salpingo-ooforectomia preventiva.

Aproximadamente 5% dos casos de câncer de mama invasivo são atribuíveis a uma variante patogênica da linha germinativa nos genes BRCA1 ou BRCA2. Neste estudo de coorte, mulheres com mutação BRCA1 ou BRCA2 foram acompanhadas após o câncer de mama e responderam a questionários a cada dois anos. O risco cumulativo de câncer de ovário em 15 anos foi estimado para mulheres com histórico de câncer de mama e para mulheres controle pareadas sem câncer de mama.

A base de análise incluiu 2.084 portadoras de BRCA com câncer de mama (1.515 BRCA1, 569 BRCA2). Em um seguimento médio de 3,9 anos, 71 casos de carcinoma de ovário/trompas foram diagnosticados (66 BRCA1, 5 BRCA2). O risco cumulativo de câncer de ovário em 15 anos foi de 14,9% em portadoras de BRCA1 e de 5,1% naquelas com BRCA2.

Para a comparação com mulheres sem história de câncer de mama, foram incluídos 1.378 pares pareados. Os autores descrevem que o risco cumulativo de câncer de ovário/trompas em 15 anos foi de 10,8% em mulheres com histórico de câncer de mama versus 25,9% naquelas sem. Entre as portadoras de BRCA1, o risco foi de 12,2% entre em mulheres com câncer de mama e de 32,0% naquelas sem história da doença. Entre as portadoras de BRCA2, o risco de câncer de ovário em 15 anos foi de 2,0% em ambos os grupos.

“O risco de câncer de ovário permanece alto em portadoras de BRCA1/2 após o diagnóstico de câncer de mama. Para mulheres com mutação BRCA1, o risco é menor do que em mulheres sem câncer de mama. No entanto, tanto para BRCA1 quanto para BRCA2, o risco de câncer de ovário é elevado e, considerando o mau prognóstico do câncer ovariano, a salpingo-ooforectomia para redução de risco é fortemente recomendada para mulheres com câncer de mama associado a BRCA”, concluem os autores.

Em síntese, a pesquisa mostrou que, em mulheres com mutação BRCA1 e histórico pessoal de câncer de mama, o risco cumulativo de câncer de ovário foi de 15% em 15 anos após o câncer de mama. Para portadoras de BRCA2, o risco de câncer de ovário em 15 anos foi menor, de 5%, mas ainda no limite que justificaria a salpingo-ooforectomia preventiva.” A salpingo-ooforectomia para redução de risco é recomendada para portadoras de mutação BRCA com histórico de câncer de mama”, destacam os autores.

Referência:

Ovarian cancer after breast cancer in women with a BRCA1 or BRCA2 pathogenic variant. Apostol, Adriana I.Sweet, Kevin et al. Gynecologic Oncology, Volume 201, 44 – 52 https://doi.org/10.1016/j.ygyno.2025.07.030