Onconews - Estudo destaca aprendizados sobre toxicidade aguda e tardia após duas décadas de experiência com SBRT pancreática

Em pacientes com câncer de pâncreas tratados com radioterapia estereotáxica corporal (SBRT), a toxicidade gastrointestinal grave ocorre principalmente como um efeito tardio, com risco potencialmente modificado pela dosagem de radiação e pelo uso de esquemas de fracionamento mais prolongados. Os resultados são de estudo publicado no Journal of the National Comprehensive Cancer Network (JNCCN) que analisou as taxas de morbidade e mortalidade aguda (≤90 dias) e a incidência de toxicidade gastrointestinal grau ≥3 em qualquer momento após SBRT para câncer de pâncreas.

“A radioterapia estereotáxica corporal é cada vez mais utilizada para tratar o câncer de pâncreas. No entanto, dados sobre morbidade aguda, mortalidade e risco de toxicidade gastrointestinal tardia após SBRT não foram relatados”, observam os autores.

Os pesquisadores analisaram 507 pacientes de um registro de uma única instituição, extraindo os desfechos de prontuários médicos eletrônicos. O risco de toxicidade foi quantificado por meio de estatística descritiva e regressão de Cox.

A mediana de idade dos pacientes avaliados foi de 70 anos (variação de 32 a 91), com 49,7% dos pacientes sendo mulheres. A SBRT foi administrada no perioperatório em 190 (37,5%) pacientes (75 no pré-operatório e 115 no pós-operatório). Outras indicações incluíram doença irressecável (n = 198; 39,1%), doença clinicamente inoperável (n = 53; 10,5%) e doença localmente recorrente (n = 38; 7,5%).

A maioria dos pacientes recebeu 9 a 12 Gy em 3 frações (n = 278; 54,8%); 78 (15,4%) pacientes receberam SBRT em fração única (18-25 Gy) e 147 (29,0%) receberam 5 a 8 Gy em 5 frações. Em 90 dias após a SBRT, 38 (7,5%) pacientes morreram, mais comumente devido à progressão da doença. A hospitalização ocorreu em 123 (24,3%) pacientes, mais frequentemente por infecção.

A toxicidade gastrointestinal grave foi uma ocorrência predominantemente tardia (início mediano de 10,9 meses após a SBRT), com uma taxa bruta de 13,3% (59/445). Regimes de dose mais alta e ausência de ressecção cirúrgica foram associados a um risco aumentado de toxicidade tardia de grau ≥ 3.

O risco atuarial de toxicidade gastrointestinal de alto grau em 2 anos foi de 25,0%, 19,4% e 16% para regimes de dose biologicamente eficaz muito alta, alta e moderada, respectivamente, com taxas brutas correspondentes de 12,8%, 13,3% e 8,2%, respectivamente.

Em síntese, as taxas de mortalidade aguda após SBRT para câncer de pâncreas são relativamente baixas. “No entanto, infecções e progressão precoce da doença contribuem significativamente para hospitalização e morte nessa população clinicamente frágil. A toxicidade gastrointestinal grave ocorre principalmente como um efeito tardio, com risco potencialmente modificado pela dosagem de radiação e pelo uso de esquemas de fracionamento mais prolongados”, concluem os pesquisadores.

Referência:

Ellsworth, S. G., Abdelhakiem, M., Elgohari, B., Mohammed, M., Shogan, J., Vera, A., Burton, S. A., Olson, A. C., Lee, K. K., Paniccia, A., Zhang, J. Y., Lotze, M. T., & Zureikat, A. H. (2025). Lessons Learned About Acute and Late Toxicity After Two Decades of Experience With Pancreatic SBRT. Journal of the National Comprehensive Cancer Network, 23(7), e257013. Retrieved Jul 22, 2025, from https://doi.org/10.6004/jnccn.2025.7013