Em estudo de mundo real que envolveu mais de 6 mil pacientes de 66 a 89 anos, a morbidade perioperatória da cistectomia radical foi substancial e até maior do que a relatada em estudos institucionais anteriores, com 44% dos pacientes necessitando de cuidados hospitalares até 90 dias após a cirurgia. Os resultados estão no Journal of Geriatric Oncology e apoiam o aconselhamento clínico de idosos com câncer de bexiga.
A morbidade perioperatória da cistectomia radical (CR) é um fator crítico para a tomada de decisão em idosos com câncer de bexiga. Neste estudo, Boris Gershman e colegas examinaram a morbidade perioperatória da CR no mundo real entre idosos com câncer de bexiga.
A base de análise compreendeu 6.041 pacientes com idades entre 66 e 89 anos, diagnosticados com câncer de bexiga urotelial TanyNanycM0, entre 2000 e 2017, submetidos à CR no SEER-Medicare. As taxas de morbidade perioperatória e dias saudáveis em casa (HDAH, das iniciais em inglês) foram avaliadas através das solicitações de reembolso do Medicare.
Os resultados indicaram que a morbidade perioperatória foi substancial, com 3.859 (64%) pacientes apresentando alguma complicação durante a hospitalização ou necessitando de cuidados após a alta. Os autores descrevem que 1.764 (29%) pacientes necessitaram de avaliação no pronto-socorro até 90 dias após a cirurgia e 2.637 (44%) foram readmitidos no hospital.
A análise mostra, ainda, que a mediana do número de HDAH foi de 78 (intervalo interquartil de 66 a 82), indicando que um Índice de Comorbidade de Charlson (ICC) mais elevado e um maior nível de pobreza foram associados a risco aumentado de readmissão hospitalar em 90 dias. A idade avançada, raça negra, ICC mais elevado e menor volume anual de CR hospitalar foram associados a risco aumentado de complicações em 90 dias.
Referência:
Comprehensive characterization of the real-world perioperative morbidity of radical cystectomy in older adults. Gershman, Boris et al. Journal of Geriatric Oncology, Volume 16, Issue 6, 102265
