Onconews - Efeitos cognitivos dos inibidores da aromatase em pacientes com câncer de mama em estágio inicial

Estudo prospectivo investigou o impacto dos inibidores de aromatase (IAs) adjuvante na função cognitiva e as alterações ao longo do tempo. Os resultados publicados no Breast Cancer Research and Treatment sugerem que as dificuldades cognitivas relatadas por pacientes com câncer de mama submetidas a inibidores de aromatase podem ser mais influenciadas pela quimioterapia prévia do que pelos efeitos cognitivos diretos dos IAs.

“Várias pacientes submetidas a inibidores da aromatase para câncer de mama relatam dificuldades cognitivas, embora estudos sobre os efeitos cognitivos tenham produzido resultados mistos”, contextualizam os autores.

Nesse estudo, pacientes com diagnóstico de câncer de mama em estágio inicial, elegíveis para terapia endócrina com inibidores de aromatase adjuvante, foram submetidas a avaliações neuropsicológicas abrangentes para a avaliação de vários domínios cognitivos antes e após 12 meses de terapia. As participantes foram estratificadas de acordo com o status menopausal, tipo de cirurgia e quimioterapia prévia.

Foram incluídas oitenta e três participantes e, entre elas, 77 pacientes foram submetidas a avaliações neuropsicológicas. No início do estudo, as participantes na pós-menopausa (71%) apresentaram desempenho significativamente pior do que as participantes na pré-menopausa em testes que avaliam as funções executivas.

As pacientes que receberam quimioterapia eram mais jovens, mas apresentaram desempenho de memória episódica inferior em comparação com aqueles que não haviam recebido quimioterapia. Após 12 meses, embora a maioria das pacientes (66,1%) tenha relatado dificuldades cognitivas, o desempenho neuropsicológico não apresentou deterioração significativa. Notavelmente, as diferenças na memória episódica verbal entre as mulheres tratadas com ou sem quimioterapia persistiram ao longo do tempo.

Em síntese, o estudo sugere que as dificuldades cognitivas relatadas por pacientes com câncer de mama submetidos a inibidores de aromatase podem ser mais influenciadas pela quimioterapia prévia do que pelos efeitos cognitivos diretos dos IAs, destacando as consequências cognitivas persistentes da quimioterapia. “Esses achados enfatizam a necessidade de mais pesquisas para compreender melhor a interação entre quimioterapia, inibidores de aromatase e função cognitiva, bem como a relevância das avaliações cognitivas”, concluem os pesquisadores.

Referência:

Giuffrè, G.M., Carbognin, L., Masone Iacobucci, G. et al. Cognitive effects of aromatase inhibitors in early breast cancer patients: a prospective study. Breast Cancer Res Treat (2025). https://doi.org/10.1007/s10549-025-07788-2