Onconews - Como o paciente oncológico é conduzido ao centro cirúrgico e impacto emocional

Ensaio clínico randomizado realizado no Hospital de Câncer de Barretos avaliou a ansiedade, a depressão e a satisfação de pacientes oncológicos de acordo com o tipo de condução ao centro cirúrgico, comparando a deambulação com a maca. Os resultados mostram que 100% dos que foram conduzidos ao centro cirúrgico caminhando, com suas próprias roupas e na companhia de um familiar estavam muito satisfeitos ou satisfeitos. Já no grupo conduzido em maca e trajando pijama, esse número cai para 79,0% (p-valor 0,001). O trabalho tem como primeira autora a pesquisadora Gabriela da Silva Oliveira (foto).

Nesta análise, foram incluídos 176 pacientes no período de 2019 a 2021, sendo 94 no grupo controle (condução ao centro cirúrgico em maca e pijama) e 82 no grupo experimental (condução ao centro cirúrgico por deambulação com as próprias roupas). Os pesquisadores utilizaram a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) para avaliar os níveis de ansiedade e depressão, enquanto o Questionário de Avaliação da Satisfação com o Cuidado Cirúrgico (Sati-Cir) foi utilizado para avaliar a satisfação do paciente.

Os resultados relatados na Plos One mostram que não houve diferença quanto aos sintomas de ansiedade e depressão entre os grupos, 15 (18,3%) e 20 (21,3%) pacientes apresentaram sintomas de ansiedade no grupo deambulação e no grupo maca, respectivamente (p = 0,621). Seis (7,3%) pacientes no grupo de deambulação e 4 (4,3%) preencheram os critérios para depressão (p = 0,518). Comparados àqueles que foram encaminhados ao centro cirúrgico em uma maca, os autores descrevem que aqueles no grupo de deambulação estavam mais frequentemente satisfeitos ou muito satisfeitos com o tempo de espera até a cirurgia (91,5% vs 74,5%; p = 0,008) e com o tipo de roupa, considerando roupas próprias em comparação com pijamas (100% vs 79%; p = 0,001).

Quando todos os pacientes foram questionados sobre o método preferido para ir ao centro cirúrgico, 70,5% escolheram andar com suas próprias roupas, 28,4% preferiram uma maca e 1,1% optou por uma cadeira de rodas (p < 0,001). “O método de transporte para o centro cirúrgico não afetou os níveis de ansiedade e depressão em pacientes com câncer com baixo ou nenhum risco de queda. No entanto, os pacientes do grupo de deambulação ficaram mais satisfeitos com o tempo de espera para a cirurgia e o tipo de vestimenta”, mostra a pesquisa.

Entre os pacientes do grupo de deambulação, 91,5% também estavam satisfeitos ou muito satisfeitos quando questionados sobre o tempo de espera para a cirurgia (p-valor 0,008). “Nossos resultados reafirmam a importância da implementação dessa prática no cuidado ao paciente”, sublinha a análise.

Além de Gabriela da Silva Oliveira, o trabalho tem a participação de Paula Moreira da Silva Sabaini, Priscila Grecca Pedrão, Vinicius Bars da Silva, Marcos Alves de Lima, Thiago Emilio da Silva Mantovani, Carlos Eduardo Mattos da Cunha Andrade e Ricardo dos Reis.

O estudo está registrado na plataforma clinicaltrials.gov: NCT03576482.

Referência:

Oliveira GdS, Sabaini PMdS, Pedrão PG, da Silva VB, Lima MAd, Mantovani TEdS, et al. (2025) Emotional impact according to the way cancer patients are conducted to the surgical center: A randomized clinical trial comparing ambulation to the stretcher. PLoS ONE 20(4): e0320856. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0320856